Várias empresas no mundo estão disputando a chance de chegar na frente com seu projeto de hyperloop, um sistema de transporte por levitação magnética, capaz de alcançar velocidades superiores a mil quilômetros por hora. Mas se em geral a ideia que se faz é de um veículo semelhante a um trem, a americana Virgin Hyperloop revelou recentemente uma versão com cápsulas que viajariam em comboio mas poderiam se separar e seguir outro trajeto.
Ainda que cercado de questionamentos sobre viabilidade, o conceito de hyperloop chegou também ao Brasil. Semanas atrás, outra empresa americana, a Hyperloop TT, divulgou estudos de viabilidade para implantação de um sistema de transporte do tipo ligando Porto Alegre e Caxias do Sul. O trajeto de 137 quilômetros seria cumprido em menos de 20 minutos.
A iniciativa tem parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o governo do estado, mas os recursos viriam da iniciativa privada.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, declarou: “Pode parecer algo distante e pouco viável, mas também foi assim quando alguém disse que um avião levantaria voo pela primeira vez. Estamos aqui, a partir de análises científicas, compartilhando um momento histórico. Esperamos ir em breve a Toulouse, na França, para acompanharmos os testes experimentais do hyperloop.”
CÁPSULAS DA VIRGIN NÃO TERIAM CONEXÃO FÍSICA
A ideia do hyperloop é oferecer um transporte de massa ao longo de tubos mantidos num ambiente de quase vácuo, ou seja, quase sem pressão do ar, o que permitiria eliminar a resistência aerodinâmica e alcançar velocidades dez vezes mais elevadas que as dos trens mais rápidos de hoje. Um campo eletromagnético manteria as cápsulas, ou ‘vagões’, suspensas sobre o trilho.
No caso do projeto da Virgin recentemente apresentado, as cápsulas não estariam fisicamente conectadas, como num trem. Elas poderiam se destacar e seguir um destino diferente do resto do comboio, viajando por outro tubo a partir de um entroncamento. Cada uma delas teria no máximo 28 passageiros. O sistema seria movido a energia renovável, ou seja, não haveria emissão de carbono.
Especialistas rapidamente questionaram a viabilidade do projeto, mas a Virgin alegou que tudo se revolve com desenvolvimento tecnológico. Justamente para atrair investimentos que permitam esses avanços, a empresa divulgou um vídeo com ares de ficção científica em que apresenta seu idealizado sistema de transporte.
Para o engenheiro ferroviário Gareth Dennis, tudo no vídeo parece funcionar muito bem, mas não passam de imagens geradas por computador. Em depoimento à BBC, ele afirmou que para transportar dezenas de milhares de passageiros por hora, conforme planejado, seria preciso ter pelo menos mil cápsulas viajando por hora, ou uma a cada três segundos. A Virgin respondeu que isso será possível porque as cápsulas estarão ligadas digitalmente.
SENADO AMERICANO ABRIU CAMINHO PARA FINANCIAMENTO
É comum associar o conceito de hyperloop a Elon Musk, afinal, foi ele quem o introduziu, em 2013. Embora sua SpaceX também se dedique a desenvolver um sistema do tipo, ele não se opôs a que outras empresas criassem suas próprias versões. Em julho, por exemplo, a Hyperloop TT revelou seu projeto do HyperPort, um porto que usaria a mesma tecnologia para mover contêineres com rapidez.
Os Estados Unidos têm se mostrado confiantes no futuro desse sistema de transporte: recentemente, o Senado americano aprovou um projeto de lei para infraestrutura que inclui o hyperloop, abrindo a possibilidade de financiamento do governo.
O caminho a percorrer parece longo: em seu primeiro teste tripulado, em novembro do ano passado, o hyperloop da Virgin alcançou a velocidade de 170 quilômetros por hora. A empresa alegou, porém, que a pista curta, de 500 metros, não permitiu alcançar uma velocidade maior.
No site da Virgin, é possível fazer simulações de tempo de viagem entre uma cidade e outra. De São Paulo ao Rio de Janeiro, seriam 29 minutos.