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Covid-19: a poluição do ar caiu 17% durante a quarentena

O bloqueio global da Covid-19 teve um efeito extremo nas emissões diárias de dióxido de carbono (CO2). Um estudo recente divulgou que as emissões diárias diminuíram 17%, ou 17 milhões de toneladas de dióxido de carbono, globalmente, durante o pico das medidas de confinamento no início de abril.

As emissões do transporte de superfície, como viagens de carro, correspondem a quase metade (43%) da redução nas emissões globais durante o pico de confinamento, no dia 7 de abril. As emissões da indústria e da energia juntas representam mais 43% da redução nas taxas globais diárias emissões.

A aviação é o setor econômico mais impactado pelo bloqueio, mas representa apenas 3% das emissões globais, ou 10% da redução de emissões durante a pandemia. Em alguns países, as emissões diminuíram 26%, em média, no auge de seu confinamento.

 

Mudanças insustentáveis?

Esse resultado, porém não deve se sustentar ao longo de 2020. A análise ressaltou que, sem aumentos no bem-estar ou na infraestrutura de apoio, não haverão reduções profundas e sustentadas nas emissões de CO2 necessárias a fim de atingirmos zero emissões líquidas. Segundo os pesquisadores, essas diminuições extremas serão temporárias, pois não refletem mudanças estruturais nos sistemas econômico, de transporte ou de energia.

Mas existem oportunidades para fazer mudanças reais, duráveis ​​e mais resistentes a crises futuras, implementando pacotes de estímulos econômicos que também ajudam a cumprir as metas climáticas, especialmente a mobilidade, responsável por metade da redução de emissões durante o confinamento. Por exemplo: os pesquisadores apontaram que, nas cidades e nos subúrbios, o apoio a caminhadas e ciclismo e a adoção de bicicletas elétricas é uma medida econômica e melhor para o bem-estar e a qualidade do ar do que a construção de estradas, e preserva o distanciamento social entre os indivíduos.

 

Alguns dados

Para chegar a esses resultados, a equipe analisou as políticas governamentais de confinamento para 69 países, responsáveis ​​por 97% das emissões globais de CO2. No auge do confinamento, as regiões responsáveis ​​por 89% das emissões globais de CO2 estavam sob restrição. Dados sobre atividades indicativas de quanto cada setor econômico foi afetado pela pandemia foram utilizados para estimar a mudança nas emissões de combustíveis fósseis para cada dia e país de janeiro a abril de 2020.

A mudança total estimada nas emissões de CO2 durante a pandemia foi de 1.048 milhões de toneladas de dióxido de carbono (MtCO2) até o final de abril. Desse modo, as mudanças são maiores na China, onde o confinamento começou, com uma diminuição de 242 MtCO2, depois nos EUA (207 MtCO2), Europa (123 MtCO2) e Índia (98 MtCO2). A mudança total no Reino Unido para janeiro-abril de 2020 é estimada em 18 MtCO2.

Prevê-se que o impacto do confinamento nas emissões anuais de 2020 seja de 4% a 7% em relação a 2019, dependendo da duração do bloqueio e da extensão da recuperação. Se as condições pré-pandêmicas de mobilidade e atividade econômica retornarem em meados de junho, a queda real seria de cerca de 4%. Se algumas restrições permanecerem em todo o mundo até o final do ano, seria de cerca de 7%.

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