Pegar a estrada é sempre um prazer instigante, principalmente quando não temos compromissos com hora, dia ou qualquer outro fator limitador, e ainda contando com a criatividade e um pouco de sorte nas escolhas. Convenhamos, com um celular à mão tudo fica mais fácil na hora de pesquisar e decidir o que fazer. E, lógico, com um pouquinho de dinheiro no bolso para viver experiências gastronômicas. E lá fomos eu e minha esposa.
Dessa vez, viajamos pelo chamado Circuito das Serras Verdes do Sul de Minas Gerais. Nossa primeira parada, meio que por acaso, acabou sendo uma das melhores do passeio: a Fazenda Verde Oliva, em Delfim Moreira. Encontramos ali uma propriedade muito organizada. De azeite orgânico e biodinâmico – o primeiro na América Latina – a geleias de pitanga, mexerica, pimenta e figo. E uma especial berinjela. Tudo de excelente qualidade.
Dia seguinte, Santa Rita do Sapucaí, conhecida como o Vale da Eletrônica, por seus centros educacionais e empresas. Ali, conhecemos o apiário Pouso do Campo, onde o casal de engenheiros Lidiane e Luís Antônio trabalha para proporcionar as melhores condições a suas colmeias. Resultado: um mel de excepcional qualidade. Detalhe: os dois são engenheiros de telecomunicações. Ele já se dedica totalmente às abelhas e ela ainda faz jornada dupla.
Seguimos para Gonçalves, polo turístico em desenvolvimento por conta de suas belas cachoeiras – destaque para Cruzeiro e Sete Quedas. O município conta com presença marcante da colônia japonesa. Experimentamos algumas iguarias num local que faz jus ao nome: A Senhora das Especiarias. Provamos geleia de alfazema, chutneys e conservas. Tudo de fabricação própria e muito bom. E ainda acompanhado de um bom vinho.
Pernoitamos em Ouro Fino, município de 33 mil habitantes e forte presença italiana. E seguimos para Bueno Brandão, cidadezinha localizada a 1.204 metros de altitude e repleta de belas cachoeiras, como Davi e Ciganos.
ORGANIZAÇÃO, LIMPEZA E EMPREENDEDORISMO
O ponto alto da viagem aconteceu no premiadíssimo Laticínio Serra das Antas, onde encontramos queijos fantásticos como gorgonzola (de colher!), Brie e Pont l’Evèque. Infelizmente, por conta da pandemia, não conseguimos almoçar no restaurante Bissurdô, dos proprietários do laticínio. Estava fechado. Mas trouxemos todos os queijos, que provamos e aprovamos.
Destacamos a impressionante organização, limpeza e empreendedorismo em todos os municípios que visitamos, escondidos dos olhos de boa parte de nossa gente, que ainda faz esse país caminhar apesar de tudo que estamos vivendo.
Em todas as cidades que passamos, chamou-nos a atenção também o marketing inconsciente que a população desenvolve para atrair o turismo. Por exemplo, Piranguinho é denominada por seus cidadãos “A capital nacional do pé-de-moleque”, por sua tradição na produção do doce. E Borda da Mata é “A capital do pijama” – produz mais de 80 mil peças de pijama por ano. Eita mineirada criativa!
Talvez por morarmos em Visconde de Mauá, sempre que conhecemos outras montanhas e serras, como a do Piquete e a das Antas, com belas paisagens e vistas deslumbrantes, sem percebermos fazemos comparações com nossa montanha mágica. Assim, a volta para casa é sempre inegavelmente melhor.
Odilon de Barros, proprietário da Estalagem e Empório TerraMauá, em Visconde Mauá (RJ-MG).