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Diversidade nas empresas gera prosperidade, diz pesquisa

Uiara Cavalcanti divulgou um desabafo na seção de cartas de uma recente edição da revista Marie Claire. Ela trabalhava como executiva de vendas internas da Localiza, a maior locadora de veículos da América Latina. Em 28 de junho, não por acaso o Dia do Orgulho Gay, foi demitida sob a alegação de que era homossexual e mantinha um relacionamento com outra funcionária, também exonerada.

Se a empresa tivesse tido acesso a uma recente pesquisa realizada pela americana McKinsey, reconhecida como líder mundial em consultoria empresarial, talvez tivesse agido de outra forma com Uiara. O estudo mostra que a diversidade étnico-racial, de gênero e de orientação sexual na América Latina – sobretudo no Brasil – pode afetar positivamente o desempenho corporativo.

Os resultados da pesquisa estão reunidos no estudo Diversity Matters (Diversidade Importa), realizado anualmente pela McKinsey. A constatação é de que, se antes a diversidade no ambiente de trabalho era principalmente uma estratégia politicamente correta do universo corporativo, a realidade agora é outra. Nos lugares com ambiente de trabalho mais inclusivo e seguro, foram encontrados os melhores resultados financeiros.

No estudo foram ouvidos 3.900 colaboradores das 1.300 maiores empresas de Brasil, Chile, Peru, Argentina, Colômbia e Panamá. Paula Castillo, sócia da McKinsey, contou que esta foi a primeira vez que a consulta incluiu conceitos mais abrangentes de diversidade, englobando, além da diversidade de gênero, as diversidades étnico-racial e de orientação sexual. “Isso só amadurece o debate de como e onde evoluir”, afirmou.

O ineditismo da pesquisa vai de encontro à proposta estampada no site da empresa de consultoria, de “ajudar os clientes a gerar valor reinventando os seus principais negócios, e identificar maior valor para a transformação de dados em insigths”.

 

LÍDERES ADMIRADOS E FUNCIONÁRIOS FELIZES

Conforme a revista Exame, que noticiou a pesquisa, se em tempos normais o que vale é desenvolver produtos e serviços para diferentes públicos, não apenas para prosperar, como para eternizar os negócios, uma pandemia como a que vivemos demonstrou que a inovação, mais do que nunca, é fundamental para a sobrevivência e prosperidade empresariais. E, ao contrário do que muitos poderiam supor, a inovação é diretamente relacionada à motivação dos funcionários para alcançar melhores resultados.

É uma lógica de simples compreensão: a presença de um time diverso de funcionários, composto por pessoas de diferentes origens, classes sociais, etnias, gêneros e orientação sexual, que se comportem de maneira respeitosa entre si, traduz-se em melhores resultados financeiros para uma empresa e, por conseguinte, para os próprios empregados. Assim, a combinação de líderes mais admirados com funcionários mais felizes redunda no aumento da produtividade e dos lucros.

Entre as empresas pesquisadas, aquelas onde as mulheres foram alçadas a posições executivas mostraram uma probabilidade 26 pontos percentuais maior de chegar a resultados financeiros superiores aos de outras companhias da mesma área e de perfil semelhante. Para Heloisa Callegaro, também sócia da McKinsey, este tipo de constatação contribui para futuras mudanças estruturais nas empresas. “A correlação entre performance financeira e ambiente diverso pode mudar a visão até dos mais céticos em relação às práticas de inclusão de diferentes grupos”, afirmou ela à Exame.

No Brasil, apenas 21% dos entrevistados dizem trabalhar em empresas de elevada diversidade étnico-racial, o que indica haver ainda um longo caminho para uma evolução no sentido apontado pelo estudo. Pesquisas como essa são importantes ferramentas para empresas que estão dispostas a abrir mão de antigos preconceitos e embarcar num futuro com valores mais humanos.

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