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Estudo aposta em economia verde para o Brasil

Investimentos em uma economia mais verde poderiam gerar 2 milhões de empregos no Brasil e somar R$ 2,8 trilhões ao PIB, além de ajudar o país a se tornar mais resistente à mudança climática. É o que mostra o estudo Uma Nova Economia para uma Nova Era, realizado pelo Instituto de Pesquisas WRI Brasil junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ex-ministros de finanças do Brasil e a executivos do Banco Mundial.

Segundo o estudo, um movimento verde para a recuperação da economia seria capaz de proporcionar um crescimento de 38% em relação ao PIB de 2019, de R$ 7,3 trilhões. Algo como incorporar uma Argentina aos recursos brasileiros, com efetiva redução da pobreza no país.

Divulgado pelo Estadão, o trabalho integra a iniciativa global New Climate Economy, cujo objetivo é apontar caminhos que aliem o desenvolvimento econômico ao combate ao aquecimento global.

Apesar de uma aparente predominância do temor dos efeitos negativos da crise sanitária sobre a economia, há correntes de especialistas mais preocupados com os efeitos da mudança climática. Vários países têm se dedicado a encontrar medidas que tragam ganhos não apenas econômicos, mas climáticos, tendência seguida por esse estudo.

 

RESILIÊNCIA A EFEITOS EXTREMOS

O estudo propõe a adoção de estratégias para infraestrutura, indústria e agronegócio. Para o primeiro setor, defende o desenvolvimento de “projetos de qualidade”, que não afetem o meio ambiente. Um exemplo seria o uso de recursos naturais e renováveis, como a energia solar. “Uma infraestrutura de qualidade reduz os custos e impactos da degradação ambiental e permite maior resiliência a eventos extremos, cada vez mais intensos e frequentes”, afirma o relatório, considerando os investimentos em infraestrutura também essenciais para a geração de empregos.

A coordenadora do estudo, Carolina Genin, diretora de clima do WRI Brasil, acredita que o Brasil precisa atrair investimentos privados e internacionais. “Mas como vai fazer isso sem um ‘selo’ de desenvolvimento sustentável, sem garantir que uma determinada obra não vai ter conflito socioambiental?”, questionou.

A proposta para a indústria é a redução do consumo de combustíveis fósseis, vilões do aquecimento global, a partir da adoção de tecnologias sustentáveis. Para a agricultura, o estudo defende o aumento da eficiência com melhor uso do solo. Uma medida seria a destinação de investimentos à recuperação de 12 milhões de hectares de pastagens degradadas na Amazônia, o que poderia trazer ao setor R$ 19 milhões em produtividade agrícola até 2030.

Adotadas todas essas propostas, o resultado seria uma redução de 42% nas emissões brasileiras de gases de efeito estufa até 2025, em comparação aos níveis verificados em 2005.

 

MODELO PARA FUTURO POSSÍVEL

Considerando políticas já existentes no país, capazes de abrir as portas para uma economia verde, a pesquisa mostra que se o Brasil optar pela transição para uma economia de baixo carbono não haverá prejuízos aos principais setores econômicos. “Ao contrário, vai torná-los mais produtivos e eficientes do que hoje”, disse Carolina Genin ao Estadão.

Para Roberto Schaeffer, professor de economia da energia no Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, doutor em política energética e especialista em modelos de avaliação integrada em energia, uso do solo e mudanças climáticas, esse tipo de modelo serve para mostrar que diferentes futuros são possíveis.

Esse estudo, disse Schaeffer ao blog de Bruno Felin, “agrada desde quem quer comer carne, mostrando que é possível um rebanho que não desmata, até o ambientalista que acha que a floresta precisa ficar em pé. Agrada ainda a setores da classe média que neste novo Brasil podem ter melhores oportunidades de renda e emprego.”

Celina Côrtes é jornalista, escritora e mantém o blog Sair da Inércia. 

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