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Indiano transforma máscaras da pandemia em tijolos

Conhecido como “o reciclador da Índia”, o engenheiro ambiental Binish Desai, de 27 anos, encontrou uma nova maneira de aproveitar um objeto cujo descarte aumentou bastante nos últimos meses. Ele transforma as onipresentes máscaras de proteção contra o coronavírus em tijolos. Empreendedor social que desde os 11 anos de idade cria produtos úteis a partir de lixo, Desai já usou resíduos de tecido, papel e plástico para fazer lâmpadas, lustres e pisos, para citar alguns exemplos.

Quatro anos atrás, Desai desenvolveu tijolos que chamou de P-Block, feitos de resíduos de papel, sobras de goma de mascar, extratos de plantas e aglutinantes orgânicos. Veio daí a inspiração para fabricar os tijolos a partir de toucas, máscaras e aventais, três dos principais equipamentos de proteção individual (EPIs) que têm sido utilizados – e descartados – na pandemia. Eles correspondem a 52% da matéria-prima de seu novo produto, que leva ainda resíduos de papel (45%) e um aglutinante (3%). Essa mistura seca naturalmente em três dias, dando origem ao tijolo que ele batizou de P-Block 2.0.

O 2.0 no nome indica que se trata de um tijolo mais leve e mais forte que o P-Block anterior. É também resistente a água e pragas, e menos inflamável. “O processo de fabricação é semelhante, mas adicionei EPIs feitos de TNT (tecido não tecido), o que inclui máscaras, aventais e toucas”, explicou ele à plataforma indiana The Better Indian. “Comecei a experimentar o método em meu laboratório doméstico e logo fiz alguns na minha fábrica.”

 

ENCOMENDAS DE ARQUITETOS E DESIGNERS

Desai pretende partir este mês para a produção comercial de seus tijolos feitos de lixo da pandemia. Ele diz ter recebido encomendas de arquitetos e designers de interiores, e busca parcerias que lhe possibilitem fazer uma coleta segura de resíduos em lugares como hospitais e shopping centers.  Na Índia, é preciso obter uma autorização para coletar e reciclar esses resíduos. Lidar com lixo hospitalar já é algo que exige o cumprimento de protocolos sanitários. Com a pandemia, os critérios se tornaram ainda mais rígidos.

Sua ideia é instalar caixas para descarte dotadas de uma tecnologia capaz de indicar que a capacidade máxima delas foi atingida. Com isso, os resíduos poderiam permanecer 72 horas intocados. As etapas seguintes seriam desinfectar o material e triturá-lo. Assim, ele estaria pronto para a fabricação dos tijolos.

As máscaras usadas na pandemia em geral são feitas de materiais semelhantes a tecidos, mas que são na verdade uma liga de fibras com um polímero derivado do petróleo, como o polipropileno, cujo processo de degradação na natureza pode levar mais de quatrocentos anos. No Brasil, estima-se que o volume de lixo hospitalar aumentou 20% durante a pandemia. Segundo a Associação de Empresas de Limpeza Pública, cada paciente de Covid-19 internado gera, em média, 7,5 quilos de lixo por dia.

Doug Cress, vice-presidente de Conservação da ONG Ocean Conservancy, estimou à BBC que a cada mês o mundo tem descartado 129 bilhões de máscaras e 65 bilhões de luvas plásticas. Ele fez um alerta: “A luva ou a máscara que você tira e casualmente descarta, porque acredita que isso é  importante para a sua segurança, pode ser facilmente a luva ou a máscara que mata uma baleia.”

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