Essa não é uma boa notícia para os casais mais discretos, mas tudo indica que o sexo e a capacidade reprodutiva dependem, em parte, de um terceiro elemento. Os tratos reprodutivos de machos e fêmeas contêm comunidades inteiras de microrganismos. Segundo uma pesquisa recente, esses micróbios podem ter um impacto considerável na fertilidade e reprodução.
Microbiomas reprodutivos
Nos aparelhos reprodutivos, dentro e ao redor de óvulos e espermatozoides, convivemos com uma comunidade de microrganismos. São bactérias, fungos e vírus, organizados em delicados microbiomas que podem influenciar nossa saúde sexual muito mais do que pensávamos.
Esses microbiomas não estão conectados apenas às doenças sexualmente transmissíveis. Eles parecem influenciar a fertilidade, reprodução e evolução das espécies de animais de várias maneiras. Aparentemente, os micróbios impactam na qualidade do esperma, escolha do parceiro, saúde sexual, sucesso na produção da prole, equilíbrio entre interesses femininos e masculinos, saúde geral e até na origem de novas espécies.
Alguns exemplos
- Homens com grandes quantidades de certas bactérias no sêmen são mais propensos a serem inférteis.
- Os percevejos fêmeas aumentam suas defesas imunológicas antes do acasalamento, pois os machos perfuram seu abdômen com sua genitália durante o acasalamento. As infecções resultantes de bactérias transmitidas pela genitália podem ser fatais.
- Em algumas espécies de patos, os machos com um microbioma mais robusto produzem sêmen mais capaz de matar as bactérias do microbioma das fêmeas, influenciando a escolha do parceiro.
Pesquisadores afirmam que os microbiomas reprodutivos podem ser uma força evolutiva importante, mas relativamente negligenciada. Uma seleção natural, com bactérias e outros micróbios como “júri”, estaria por trás dos processos evolutivos dos animais sexuados.
Como esse campo de pesquisa é novo e inexplorado, muitas perguntas ainda estão aguardando resposta. Ainda é preciso descobrir se os efeitos positivos ou negativos do microbioma seriam causados por espécies específicas. Também, precisamos entender se esses microbiomas reprodutivos evoluem de maneira diferente em fêmeas e machos. Mas estudar essas comunidades microbianas pode melhorar nosso sucesso em criar espécies ameaçadas e reintroduzi-las de volta à natureza.