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O salmão na berlinda da contaminação por coronavírus

A suspensão da importação e do consumo de salmão na China, devido a uma contaminação do peixe pelo novo coronavírus, levou muita gente a perguntar: afinal, esse vírus pode ser transmitido por alimentos? A resposta das autoridades é não, desde que o alimento tenha sido manipulado de maneira adequada. Outra resposta comum é: não há comprovação – o que parece não dissipar suspeitas. E mais uma vez se repete uma recomendação já conhecida no mundo inteiro: o mais importante é redobrar os cuidados com a higiene.

O alimento de origem animal não seria um veículo de transmissão. No caso do salmão, o perigo estaria no consumo em estado cru, já que o cozimento eliminaria o vírus. Por isso, embora não haja evidências científicas de que animais sejam portadores da doença, a Organização Mundial de Saúde recomenda evitar o consumo de carnes cruas ou malpassadas.

O fato é que o salmão se tornou o suspeito da vez. O governo chinês recomendou a suspensão temporária do consumo desse peixe em estado cru, bem como de frutos do mar, depois de receber o relato de cem novos casos de Covid-19 atribuídos ao consumo de salmão comprado no mercado de Xinfadi, na região de Pequim. O mercado responde por nada menos que 80 por cento dos alimentos consumidos na capital. O vírus teria sido encontrado na tábua de um vendedor do pescado.

 

SUSPEITA SOBRE PROCESSO DE EMPACOTAMENTO

Apesar da procedência europeia do peixe contaminado, a medida tomada pelo governo chinês acabou afetando também o salmão vindo do Chile: o peixe sumiu das prateleiras dos supermercados e restaurantes japoneses em todo o país. Na China, o consumo de salmão e frutos do mar é considerado um símbolo de status, mas o medo do coronavírus ainda é grande.

Autoridades de saúde chinesas declararam que as seções de frutos do mar e carne do mercado de Xinfadi haviam sido seriamente contaminadas pelo vírus, e que as baixas temperaturas e a alta umidade poderiam ter contribuído para a disseminação. Mais tarde, o governo eximiu o salmão de culpa, indicando que este provavelmente fora contaminado por ter sido manipulado em condições inadequadas. Mas a essa altura a medida de suspensão já havia provocado pânico na população e uma crise num negócio importante para o país.  No ano passado, a indústria de importação de salmão movimentou quase 700 milhões de dólares na China.

O governo chinês levantou a possibilidade de a contaminação do salmão ter ocorrido no processo de empacotamento, ou seja, mais uma vez o coronavírus foi relacionado à manipulação inadequada de animais comestíveis. A suspeita estaria mais de acordo com o que organismos de saúde do mundo inteiro têm constatado.

Ao avaliar a possibilidade de transmissão do vírus por alimentos, a Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos concluiu que não haveria esse risco. Já a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação informou que o vírus não é conhecido por infectar animais aquáticos, o que reforça a inocência do salmão.

 

 

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