A pandemia tem levado mais pessoas a procurar o contato com a natureza, muitas vezes na intenção de reduzir o estresse, melhorar a saúde mental e permanecer fisicamente ativo. Apesar das medidas de confinamento recomendadas, as atividades ao ar livre têm se mostrado mais intensas em muitos países, em geral praticadas com cuidados de distanciamento, favorecidos nesses ambientes.
Em artigo divulgado no site Our World, da Universidade das Nações Unidas, Zita Sebesvari chefe da seção de Serviços de Vulnerabilidade Ambiental e Ecossistema do Instituto para Meio Ambiente e Segurança Humana da ONU, afirma que o contato entre seres humanos e o meio ambiente tem sido “uma das respostas mais importantes à pandemia de uma perspectiva de saúde mental”.
“Ao respondermos à pandemia, a atração de tais espaços para melhorar o bem-estar não pode ser ignorada”, afirma Zita, ph.D. em ciências ambientais. “A ciência estabeleceu há muito tempo que o acesso a áreas verdes urbanas, como parques e lagos, tem impactos positivos sobre a saúde, tipicamente devido à melhor qualidade do ar, à maior atividade física, à coesão social e à redução do estresse.”
Para a cientista, as recentes experiências positivas com o meio ambiente representam “uma oportunidade única para sair da pandemia com uma relação melhor com a natureza”.
PESQUISA INDICA MAIS TEMPO AO AR LIVRE
Nos Estados Unidos, um estudo constatou que o tempo que as pessoas passam ao livre aumentou significativamente. Realizado pela Universidade de Vermont, e divulgado no site Medical News Today, o trabalho reuniu dados colhidos em pesquisa online realizada com 3.200 moradores do estado de Vermont.
Com base nas respostas, os pesquisadores verificaram que as pessoas estão caminhando mais (70% dos entrevistados), passeando mais pela natureza (64%), relaxando mais ao ar livre (58%) e saindo mais para tirar fotografias e criar arte (54%).
Das quinze atividades pesquisadas, apenas duas tiveram redução de intensidade, segundo o estudo: acampamentos e relaxamento na companhia de outras pessoas. Esse resultado foi atribuído ao fato de serem duas atividades em que pode ser difícil manter uma distância física.
Os pesquisadores perguntaram aos entrevistados como eles achavam que as atividades ao ar livre os beneficiavam. Quase 60% deles disseram sentir uma melhora da saúde mental e do bem-estar, enquanto 29% afirmaram que saíam para se exercitar. Outros benefícios valorizados nos momentos ao ar livre foram apreciar a beleza da natureza (29%) e sentir uma conexão com algo maior do que eles (22%).
“Esses dados são como um tesouro no momento da pandemia, um registro do que as pessoas vêm pensando sobre sua relação com o resto do mundo numa época de grande reviravolta”, disse a professora Rachelle Gould, uma das autoras do estudo.