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‘Peixes vegetais’ já são opção de consumo no mundo

Para atrair um crescente número de consumidores que fogem de produtos de origem animal, empresas e restaurantes em alguns países já estão oferecendo “peixes vegetais”, ou seja, alimentos semelhantes a peixes, mas à base de plantas. Assim como hambúrgueres vegetais e leites vegetais, os “peixes que não são peixes” representam uma alternativa para um público cada vez mais disposto a reduzir a ingestão de animais.

Segundo reportagem do New York Times, pessoas envolvidas nesse novo segmento industrial apontam como um dos motivos da tendência o fato de, em países ricos, os consumidores estarem mais conscientes dos problemas ambientais causados pela indústria de pesca, a começar pela pesca predatória. Somam-se ainda os riscos à saúde associados à ingestão de certos peixes e frutos do mar.

Outro incentivo à tendência seria o fato de startups estarem conseguindo que seus produtos vegetais imitem melhor o sabor e a textura de peixes. Prova disso é que alternativas vegetais ao peixe já estão presentes em restaurantes sofisticados.

Com estrela no Michelin o Ming Court, em Hong Kong, substituiu o peixe por uma proteína vegetal em alguns pratos. “O sabor é leve e suave, e a textura, como a da garoupa, é um pouco mais firme”, disse ao New York Times o chef Tsang Chiu King, ao comentar sobre uma mudança no cardápio. Para realçar o sabor do “peixe”, ele acrescenta alguns ingredientes ao prato.

 

INVESTIMENTOS SOBEM US$ 1 MILHÃO PARA US$ 83 MILHÕES EM TRÊS ANOS

Para Mirte Gosker, diretora do Good Food Institute Asia Pacific – organização sem fins lucrativos que promove proteínas alternativas – a alternativa vegetal representa “simplesmente uma maneira mais inteligente de produzir peixes”.

Nos Estados Unidos, os peixes vegetais respondem por apenas 0,1% do comércio de pescados, segundo o Good Food Institute. Mas, no mundo, os empreendimentos em alternativas vegetais aos pescados receberam pelo menos US$ 83 milhões de investidores em 2020, comparados a US$ 1 milhão nos três anos anteriores, de acordo com dados da mesma instituição.

Pelo menos 83 empresas estão se dedicando a alternativas à pesca no mundo– o triplo em relação a 2017. Uma delas, na França, produz um salmão defumado que, na verdade, é feito de microalgas. E pelo menos uma dezena desse total desenvolve peixes a partir de células reais, em laboratório, ainda não comercializados.

Algumas dessas startups estão desenvolvendo uma proteína que imita o sabor de peixes crus. A Kuleana vende uma versão vegetal de atum em mercados de Los Angeles e a fornece à rede de restaurantes Poké Bar.

Boa parte dessas empresas de alternativas ao peixe fica na Ásia-Pacífico, região que responde por dois terços do consumo de pescados no mundo, segundo estimativa da ONU. Em Hong Kong, a Green Monday fornece peixes vegetais a diversos estabelecimentos, entre os quais o Ming Court, restaurante do chef Tsang Chiu King.

 

DESCONHECIMENTO CIENTÍFICO SERIA ‘DESAFIO À INDÚSTRIA

A próxima promessa desse segmento industrial é considerada a produção de pescados a partir de células reais cultivadas em laboratório. A tecnologia avança, mas ainda não há previsão de comercialização.

Por hora, a única empresa que vende algum tipo de proteína cultivada em laboratório é a East Just, na Califórnia. No ano passado, o governo de Cingapura aprovou a venda de seus nuggets de frango no mercado do país.

Para Frea Mehta, cientista especializada em agricultura celular na Alemanha, os primeiros peixes desse setor que chegarem ao mercado muito provavelmente combinarão tecnologias de laboratório e de cultivos vegetais. Ela afirmou que um dos desafios à indústria é o fato de os cientistas geralmente não conhecerem tão bem as espécies marinhas quanto conhecem os mamíferos.

Segundo Mehta, os peixes e frutos do mar estão, com frequência, muito longe entre si no sistema de classificação de organismos. Por isso, na produção a partir de células, seria difícil passar, por exemplo, de peixes para lagostas, que são animais invertebrados.

“De um ponto de vista culinário faz sentido”, afirmou a especialista. “De uma perspectiva biológica, não faz, porque são muito diferentes.”

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