O QUE VOCÊ PROCURA?

Por uma economia urbana que valorize a natureza

Durante quatro anos, a indiana Akanksha Khatri liderou um esforço do Fórum Econômico Mundial para incentivar empresas e governos a fazer uma transição para o que ela chama de “uma economia positiva para a natureza”.  O objetivo é tornar o planeta mais resiliente, reduzindo as emissões de carbono e fortalecendo ecossistemas.

Esse esforço deu origem a um relatório sobre como líderes urbanos podem usar soluções baseadas na natureza em seus planejamentos. À frente da agenda do Fórum Econômico Mundial para natureza e biodiversidade, Khatri publicou na revista Nature um artigo intitulado “Mensagem aos prefeitos: cidades precisam de natureza”. Ali, ela afirma:

“Para prosperar, as cidades precisam se voltar para a natureza. Isso significa abrir espaços verdes e canais interconectados para impedir enchentes; telhados e muros verdes que reduzam temperaturas e produzam alimentos; e florestas plantadas como cinturões verdes para oxigenar áreas urbanas e regenerar ecossistemas.”

A autora lamenta que as cidades estejam investindo pouco em projetos desse tipo. Ela cita estimativas segundo as quais apenas 0,3% dos gastos com infraestrutura urbana são destinados a “soluções baseadas na natureza”, ou seja, a esforços que usam os ecossistemas para ajudar a reduzir a poluição, a diminuir o risco de enchentes e a proporcionar ar, água, alimentos e condições de vida saudáveis.

 

INCLUSÃO DE  ECOSSISTEMAS EM PLANEJAMENTOS URBANOS

Khatri observa que, historicamente, as cidades se desenvolveram onde a natureza podia suprir necessidades humanas: perto de água, em terras férteis e em condições favoráveis. Ela acrescenta que “a maioria das cidades esqueceu essas raízes: a infraestrutura física e as instituições sociais que tornam as cidades o que são prejudicam as próprias condições que permitiram às cidades prosperar.”

E emenda: “O risco de enchentes, tempestades ou incêndios está aumentando por causa da mudança climática ou de ecossistemas degradados. Mas a maioria das avaliações de projetos não considera esses riscos ou maneiras de mitigá-los.”

Neste sentido, uma das iniciativas do Fórum Econômico Mundial é o BiodiverCities by 2030, cujo objetivo é ajudar administradores urbanos a incluir os ecossistemas em seus planejamentos, de forma a manter necessidades econômicas, sociológicas e ecológicas em harmonia. Isso inclui permitir que prefeitos tenham acesso a pesquisas e análises relevantes para as cidades.

No ano passado, conta Khatri, um encontro de líderes políticos e empresariais com profissionais de desenvolvimento urbano e outros especialistas deixou clara a falta de conhecimento da maioria dos administradores urbanos sobre as oportunidades de expansão da natureza no ambiente de construção.

 

INICIATIVAS BEM-SUCEDIDAS EM CINGAPURA E SERRA LEOA

Ela cita, porém, projetos bem-sucedidos. Em Cingapura, o BiodiverCities by 2030 ajudou cinco ministros a planejar e implementar a recuperação da natureza dessa cidade-Estado. Entres as melhorias, destacam-se a expansão de áreas verdes ao longo de estradas, em telhados e até em paredes externas de edifícios. “Isso aumentará a qualidade de vida proporcionando temperaturas urbanas mais frias, resiliência contra o aumento do nível do mar e contra enchentes no interior”, avalia a especialista.

Em Serra Leoa, o prefeito da capital, Freetown, lançou uma campanha para o plantio de quinze espécies de árvores em onze lugares, com o objetivo de reduzir o risco de enchentes e deslizamentos de terra. Por conta disso, a cobertura vegetal da cidade deverá aumentar 50% este ano.

Khatri lembra que sua cidade natal, Nova Délhi, enfrenta problemas como poluição atmosférica e contaminação de água. Em novembro, escolas ficaram fechadas durante mais de uma semana por causa da qualidade ruim do ar. Por esse mesmo motivo, estudantes perderam 26 dias de aula nos últimos cinco anos.

“Quase metade da produção econômica das cidades depende de sistemas naturais que estão ameaçados pela mudança climática e pela perda de biodiversidade”, diz ela. “Em 2050, 70% das pessoas viverão em cidades; três em cada quatro delas enfrentarão escassez de água.”

COMPARTILHE

logo_busca

Mais resultados...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors