Quando se trata de mudanças climáticas, afastar as pessoas das áreas de risco pode ser visto não como uma derrota, mas como uma estratégia inteligente que permite às comunidades se adaptarem e prosperarem.
Precisamos parar de imaginar nosso relacionamento com a natureza como uma guerra. Não estamos vencendo ou perdendo; estamos nos adaptando às mudanças na natureza. O nível do mar aumenta e as tempestades surgem nas planícies inundadas, por isso precisamos recuar.
Afastar-se das áreas costeiras e de outras áreas ameaçadas geralmente ocorre após os desastres com evacuações de emergência, e suas consequências são muitas vezes tratadas de maneira ineficiente e aleatória. A retirada dessas áreas deve ser feita com ponderação, com um planejamento estratégico e também gerenciado.
O recuo geográfico é uma estratégia que pode ajudar a alcançar objetivos sociais, como revitalização da comunidade, equidade e sustentabilidade, se for usada propositadamente. Mas essa é uma questão difícil e complexa por várias razões, incluindo perdas econômicas de curto prazo no desenvolvimento costeiro, taxas de seguro subsidiadas e custos de recuperação de desastres, além do apego das pessoas ao local em que vivem e ao status quo. Além disso, quando ocorre um desastre, os moradores mais abastados são mais capazes de se mudar, muitas vezes deixando para trás aqueles que não têm recursos financeiros.
As pessoas escolheram onde morar por um motivo, e muitas vezes é difícil encontrar um lugar para morar que atenda a todos os seus requisitos sociais, culturais e financeiros. Um grande desafio do recuo é que estamos tão focados em tirar as pessoas do perigo que perdemos a chance de transformar a mudança em oportunidades.