Nossas ações são guiadas por valores morais. No entanto, incentivos monetários podem atrapalhar nossas boas intenções. Neuroeconomistas da Universidade de Zurique investigaram em que área do cérebro os conflitos entre motivos morais e materiais são resolvidos. Suas descobertas revelam que nossas ações são mais sociais quando essas deliberações são inibidas.
Escolhas morais versus lucro monetário
Quando doamos dinheiro para uma instituição de caridade ou fazemos trabalho voluntário, colocamos as necessidades dos outros antes das nossas. Além disso, renunciamos a nossos próprios interesses materiais em favor de valores morais. Esse comportamento reflete uma predisposição pessoal para o altruísmo, um instrumento para o gerenciamento da reputação pessoal ou uma negociação mental entre os prós e contras associados a diferentes ações.
Para a pesquisa em questão, o foco era a Junção Temporal do Parietal Direito, uma área do cérebro que se acredita desempenhar um papel crucial nos processos de tomada de decisão. Para entender a função exata dessa junção, eles projetaram uma configuração experimental em que os participantes tinham que decidir se e quanto eles queriam doar para várias organizações. Através da estimulação eletromagnética dessa região do cérebo, os pesquisadores foram então capazes de determinar sua função.
Para tanto, os participantes receberam dinheiro e, em seguida, tiveram a oportunidade de doar uma soma variável para uma causa de caridade, a um custo para si mesmos, ou doar uma quantia para uma organização que apoia o uso de armas de fogo, na qual seriam recompensados monetariamente. Algumas dessas decisões foram tomadas enquanto outros participantes estavam assistindo, enquanto outros foram tomados em segredo.
Os pesquisadores então analisaram as decisões tomadas pelos participantes, determinando os limites monetários em que os participantes mudaram de comportamento altruísta para egoísta. Eles compararam esses achados em configurações com e sem estimulação magnética.
O padrão é a decisão moral
Os pesquisadores descobriram que as pessoas têm uma preferência moral por apoiar boas causas e não querer apoiar causas prejudiciais ou ruins. No entanto, dependendo da força do incentivo monetário, as pessoas mudarão para um comportamento egoísta. Quando os autores reduziram a excitabilidade usando estimulação eletromagnética, o comportamento moral dos participantes permaneceu mais estável.
Embora as decisões fossem mais solidárias quando observadas, esse comportamento não foi afetado pela estimulação eletromagnética. Isso significa que as considerações sobre a reputação de alguém são processadas em uma área diferente do cérebro.
Além disso, a estimulação eletromagnética não levou a diferença alguma na motivação geral para ajudar. Portanto, os autores concluíram que a Junção Temporal do Parietal Direito, não é o lar de motivos altruístas em si, mas sim a capacidade de negociar valores morais e materiais.