Por que as pessoas se apaixonam?  No século XX, a cultura popular abraçou e reforçou uma noção romântica de alma gêmea, especialmente nos filmes de Hollywood. Matt Huston, da Psychology Today, descreveu a história da seguinte forma:

“Um homem vê uma mulher do outro lado de uma sala lotada e sabe que eles devem ficar juntos. Ele conquista o coração dela, mas comete um grande erro – ou o destino as separa – e ele tem certeza de que a perdeu para sempre. Com seus amigos mais próximos, ele percebe que ela ainda é a única pessoa para ele. Então, ele a procura e declara publicamente seu amor (na música, talvez), e eles acabam nos braços um do outro com uma história para contar aos filhos.”

Não é de surpreender que a desconstrução de uma narrativa cinematográfica de amor tenha sido parte essencial dos trabalhos dos terapeutas. Muitas pessoas levaram a sério o enredo padrão de uma comédia romântica de Hollywood ou de um romance, pensando que essas coisas aconteciam com certa frequência na vida real. Psicólogos especializados em amor muitas vezes deixaram claro que é improvável que qualquer outra pessoa pudesse fazer outra se sentir inteira ou “acabada”.

O mito da alma gêmea é, no entanto, especialmente poderoso. A grande maioria das pessoas ainda acredita na ideia de almas gêmeas, alegando que havia uma “única pessoa” com quem eles estão destinados a ficar para sempre e que os espera. Embora uma noção atraente, o consenso geral na comunidade psicológica é que as almas gêmeas são, em grande parte, um conceito imaginário mergulhado no idealismo romântico, sem emparelhamento perfeito ou “destinado a ser”.

De fato, os pesquisadores descobriram que ter uma alma gêmea percebida é prejudicial para um relacionamento feliz a longo prazo, pois existe a expectativa de que nada dê errado. “Ter” ou “lutar por” uma alma gêmea é um obstáculo para um relacionamento saudável e duradouro.

O problema das almas gêmeas é que as pessoas tendem a pensar que o destino é responsável por produzi-las. A realidade é que o amor duradouro é o subproduto de pensamentos e ações claros e intencionais, como uma dose saudável de persistência.

A descrença dos profissionais da crença popular em almas gêmeas faz parte de algo maior. Os casais que encaram o amor como uma jornada são mais felizes do que aqueles que o consideram um destino.

De maneira mais geral, os psicólogos estão cada vez mais adotando a proposição de que os indivíduos precisam encarar o amor como um trabalho em andamento que requer um esforço real e dedicado para que ele seja bem-sucedido. Casais felizes se comunicam mais um com outro e agem de forma mais gentil, deliberadamente ou não.