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Logística reversa alia lucro e preservação ambiental

Criada em 2010, a Lei 12.305 estabeleceu parâmetros e normas para adoção de uma logística reversa. Dez anos depois, porém, ainda é uma ilustre desconhecida da maioria das empresas no Brasil. Merecem aplausos e destaque aquelas que se utilizam desse instrumento de desenvolvimento econômico e social, bem como de preservação ambiental.

A logística reversa viabiliza uma coleta e destinação final de resíduos sólidos ambientalmente adequada, ou o reaproveitamento sustentável desses resíduos pelas próprias empresas que os geram. No Brasil, pelo menos cinco nomes saíram na frente: Natura, Philips, McDonald’s, HP e Bridgestone.

Também conhecida como logística inversa, essa é uma área da logística focada no retorno de materiais utilizados ao processo produtivo, a fim de reaproveitá-los ou descartá-los sem prejuízo ambiental. Inclui um conjunto de estratégias e ações para recolher resíduos e produtos usados da forma mais barata e ágil possível. Difere da logística comum, descrita como um conjunto de estratégias e ações para produzir e entregar produtos da forma mais barata e ágil às lojas e consumidores.

No programa adotado pelas empresas de cosméticos Natura e Body Shop, os clientes ganham um novo produto a cada cinco embalagens vazias que devolvem. As lojas da Natura recebem ainda produtos de qualquer uma das quatro marcas do grupo Natura&Co: Avon, Natura, The Body Shop e Aesop. A iniciativa tem parceria com a TerraCycle, empresa especializada em soluções de reciclagem.

Segundo a diretora global de sustentabilidade da Natura, Denise Hills, a empresa já usa plástico reciclado e biodegradável na cadeia produtiva. Para ela, o processo de logística reversa é mais uma forma de engajar o consumidor nos valores da empresa, sem foco na direta geração de receita. “Temos o desafio de fazer (a logística reversa) em larga escala”, disse Denise ao UOL.

 

AS DUAS PARTES SAEM GANHANDO

Quando uma empresa consegue pôr em prática a logística reversa de forma lucrativa, conquista sustentabilidade econômica e ambiental em seu negócio. Não é difícil imaginar como o McDonald’s chegou a esse tipo de resultado depois que passou a reutilizar o óleo fartamente aplicado na fritura das batatas que oferece.

No esquema do McDonald’s, os caminhões que levam alimentos às lojas recolhem o óleo restante para que este seja analisado. Esse óleo é encaminhado a uma usina, onde é transformado em biocombustível. Depois, é usado para abastecer os mesmos caminhões da empresa.

Um exemplo hipotético de logística reversa é o de uma indústria de pneus que faz uma parceria com uma ONG para que esta recolha seus pneus velhos e os aproveite como estrutura em hortas comunitárias. Isso abate o custo de encaminhar uma grande quantidade de pneus a um destino final.

Com essa economia no custo, o produtor pode estimular a ONG dando a ela um veículo utilitário para que colete os pneus. Essa doação, por sua vez, gera um incentivo fiscal à indústria de pneus, cujo produto sai mais barato. Além disso, haverá menos pneus descartados poluindo o ambiente. Portanto, um jogo em que os dois lados saem ganhando.

 

ESTRATÉGIA DE MARKETING

Experiências semelhantes à logística reversa, e cada vez mais comuns, são a devolução de correspondência e a reciclagem de garrafas PET, aparelhos eletrônicos, pilhas e óleo lubrificante usado. A Lei 12.305 estabelece que fabricantes de produtos como geladeira, pilha e computador são responsáveis pelo descarte final de suas mercadorias.

Para se adequar à logística reversa, a HP, empresa americana de tecnologia da informação, criou o programa HP Planet Partners Brasil. A iniciativa se baseia na ideia de agendar uma data com o cliente para que ele possa enviar à empresa cartuchos de tinta e toner usados. Em vez de ser jogado no lixo comum, esse material segue para a empresa.

Apesar de a grande maioria das empresas nacionais ou multinacionais atuantes no Brasil não terem aderido à prática, não resta dúvida sobre o resultado positivo da logística reversa, tanto para a economia das companhias quanto para o meio ambiente. O cumprimento da lei e os benefícios à sociedade decorrentes disso também podem representar um bom instrumento de marketing na estratégia de comunicação de qualquer empresa.

 

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