Uma das maiores fontes de felicidade e satisfação está na capacidade de se doar ao invés de apenas receber. Oferecer ajuda, dedicar-se a uma causa, construir algo para a comunidade, e não apenas para si, nos livra de sentimentos egoístas destrutivos, que acabariam por sabotar nossa capacidade de fazer o bem.
Mas nem sempre estamos com disposição para sermos a melhor versão de nós mesmos. Felizmente, algumas técnicas bem simples podem ajudar a gente a ter um dia melhor, e a espalhar positividade.
Dawn Sweet, conferencista sênior em psicologia e Lanmiao He, estudante de pós-graduação em psicologia na Universidade de Iowa, testaram os benefícios de três técnicas diferentes destinadas a reduzir a ansiedade e aumentar a felicidade ou o bem-estar. Em seu experimento, eles pediram para que estudantes andassem pelo campus por 12 minutos e praticassem uma das seguintes estratégias:
- Olhar amoroso: olhar para as pessoas e desejar a elas felicidade. Os alunos foram encorajados a realmente pensar isso de coração.
- Interconexão: olhar para as pessoas e pensar sobre como elas estão conectadas umas às outras. Foi sugerido que os alunos pensassem sobre as esperanças e sentimentos que estas pessoas poderiam compartilhar entre si.
- Comparação social descendente: olhar para as pessoas e julgar sua felicidade a partir das aparências.
O estudo, publicado no Journal of Happiness Studies, também incluiu um grupo de controle em que os alunos foram instruídos a olhar para as pessoas e se concentrar em sua aparência, como suas roupas, a combinação de cores, texturas e maquiagem. Todos os alunos foram pesquisados antes e depois da caminhada para medir ansiedade, felicidade, estresse, empatia e conectividade.
A vitória do amor e da bondade
Os pesquisadores compararam cada técnica com o grupo de controle e descobriram que aqueles que praticavam o olhar amoroso ou desejavam que os outros se sentissem bem mais felizes demonstravam estar mais conectados, carinhosos e empáticos, bem como menos ansiosos no geral.
O grupo que praticou a interconectividade era mais empático e conectado. Mas o grupo que se valeu da comparação social descendente não apresentou nenhuma melhora. Seus resultados foram significativamente piores do que a técnica do olhar amoroso.
Os estudantes que se comparavam com os outros se sentiam menos empáticos, cuidadosos e conectados do que os estudantes que estendiam bons desejos aos outros. Embora estudos anteriores mostrassem que a comparação social descendente tinha um efeito amortecedor quando nos sentimos mal com relação a nós mesmos, os pesquisadores descobriram que suas consequências são tóxicas, não trazendo benefício algum para quem a pratica.
Isso acontece porque tecer esse tipo de comparação leva a uma mentalidade competitiva. Embora essa mentalidade esteja associada a um melhor desempenho em algumas posições no mercado de trabalho, ela também é associada a transtornos mentais como estresse, ansiedade e depressão.
Os pesquisadores também examinaram como diferentes tipos de pessoas reagem a cada técnica. Eles esperavam que as pessoas que fossem naturalmente conscientes pudessem se beneficiar mais da estratégia da bondade amorosa, ou as pessoas narcisistas poderiam ter dificuldade em desejar que os outros fossem felizes.
Na verdade, estender a gentileza aos outros funcionou igualmente bem para reduzir a ansiedade, aumentar a felicidade, a empatia e os sentimentos de conexão social em todos os grupos.
A toxicidade nas redes sociais
As redes sociais são um playground para comparações tóxicas: “ele ganha mais dinheiro do que eu”, “ela tem um carro melhor”. Embora o estudo não tenha analisado especificamente as mídias sociais, os resultados demonstram que a comparação é uma estratégia arriscada.
Isso acontece porque se comparar com os outros leva a emoções arriscadas, que prejudicam nosso bem-estar e impactam diretamente nos nossos níveis de felicidade. Sentimentos negativos como inveja, raiva ou tristeza acabam por dominar nosso julgamento, e nos afastam de conexões que poderiam ser benéficas ou valiosas.
Portanto, procure não se comparar com os outros. Embora seja uma ferramenta social eficaz no aprendizado, usar o sucesso aparente como régua para a sua própria felicidade não vai ajudar em nada. E naqueles dias ruins, em que você sente que não está dando o seu melhor, procure praticar as duas técnicas simples, e mais eficazes: o olhar amoroso, com votos sinceros de felicidade aos outros, e a interconexão, que desperta a empatia e a sensação de comunidade.
