A educação financeira de uma criança pode estar ao alcance da mão. Com clareza e simplicidade, a consultora de educação financeira Cássia D’Aquino disponibiliza, gratuitamente (Amazon), livros como Vinte dicas para ajudar você a educar seu filho e, em sua página no Instagram, lições sobre a importância do dinheiro, como a melhor maneira de gastá-lo.
O assunto, por vezes ainda visto como um tabu, ganha admirável obviedade nos ensinamentos de D’Aquino, educadora especializada em crianças, com pós-graduação em ciências políticas, e conhecida por suas palestras sobre finanças no Brasil e no exterior.
Ela afirma que a forma como lidamos com dinheiro é construída pelo que vemos e ouvimos de nossos pais a partir dos 5 anos de idade. “Estamos todos no jardim da infância, somos crianças de 5 anos com cartões de crédito e cheque especial na mão, quando se trata de atuar com grana”, diz.
A educadora sugere aos pais ficar atentos a tudo o que dizem a seus filhos e lembrar que eles não custarão a perceber a diferença entre querer e precisar. “Pensar em coisas que a gente quer é divertido”, observa, “mas é parte das responsabilidades que temos como pais ensinar que as necessidades devem ser satisfeitas em primeiro lugar.”
MESADA COM VALOR E DATA PRÉ-ESTABELECIDOS
O melhor momento para falar em dinheiro, conforme D’Aquino, não é durante crises de escassez. Pelo contrário. É “quando há um certo equilíbrio da situação financeira, de forma que é possível demonstrar com calma e serenidade como se calcula um orçamento, quais são as prioridades do orçamento familiar ou até demonstrar as diferentes formas de investimento”.
A mesada dada com equilíbrio e valor e data pré-estabelecidos é uma das melhores estratégias para a criança compreender o que é e como usar o dinheiro. E lembre-se de convidar seu filho a participar da lista de supermercado. Leve-o às compras e estabeleça itens cuja checagem será uma responsabilidade dele.
Seguem vinte dicas – espécies de mandamentos – para ensinar uma criança a lidar com dinheiro:
- Ensine seu filho a distinguir as coisas que compramos porque queremos ou precisamos.
- Apresente as cédulas e moedas e o ensine a cuidar bem do dinheiro físico.
- Chame-o para ajudar a elaborar a lista de supermercado e torne-o responsável por checar produtos.
- Explique o trabalho que você faz e leve-o para conhecê-lo.
- Habitue-se a provocar a noção de coisas caras e baratas.
- Assuma as dificuldades que você tem de lidar com dinheiro.
- Estimule-o a participar do orçamento doméstico.
- Se o orçamento permitir, dê a ele uma mesada.
- Ao cometer erros com a mesada, ele pode aprender a evitá-los na vida.
- Reforce a ideia de que responsabilidade social e ética integram o ganhar e o gastar dinheiro.
- Resista à tentação de presenteá-lo a toda hora.
- Não comemore sucessos escolares com dinheiro, e sim com afeto.
- Tente envolver os avós na educação financeira para eles não “estragarem” os netos.
- Mesada bem dosada é instrumento de amadurecimento emocional e financeiro.
- Não suspenda a mesada como castigo por mau rendimento escolar.
- Fixe um dia e um valor para a mesada.
- Não relacione a mesada ao cumprimento das tarefas de casa.
- Quando houver maturidade para isso, o ideal é a criança passar a dividir a mesada entre poupar e gastar.
- Não tenha medo de discordar do uso feito com a mesada.
- Não se torture por não dar a seu filho tudo o que ele quer.
Celina Côrtes é jornalista, escritora e mantém o blog Sair da Inércia.