Por conta do trabalho remoto, muita gente que trabalhava em escritório deu adeus àquelas fugidinhas para esticar as pernas e tomar um café. Especialistas afirmam, porém, que a cultura do home office, imposta pela pandemia, pode ser acompanhada de hábitos saudáveis, a começar pela prática de conjugar o trabalho com atividades físicas. A ideia geral passa pela compreensão de que ninguém precisa ficar sentado à mesa durante longas horas para que haja produtividade.
“Este novo sedentarismo poderia ser rebatido alternando as tarefas que precisam necessariamente ser feitas estando quieto ou sentado com outras que permitam dar uns passos pela residência ou pelo escritório. Inclusive, se for possível, sair para a rua”, afirmou ao El País a médica espanhola Laura Morales Ruiz, especialista em reabilitação.
Pequenas alterações na rotina permitem a incorporação de práticas saudáveis, como aproveitar as pausas para fazer alongamento. Outra sugestão é realizar as tarefas domésticas como se fossem um tipo de malhação, intercalando o trabalho na tela com ações como estender a roupa no varal, varrer a casa ou lavar a louça. Aproveitar os intervalos para cumprir pequenas funções, como ir à padaria ou levar o cachorro para passear, é outra estratégia para se movimentar.
Levar o trabalho para a atividade física também é possível. “Uma boa alternativa, se não quisermos sentir que estamos nos ausentando do trabalho, é aproveitar esse momento de caminhada para dar telefonemas ou ouvir informações em áudio”, sugeriu Morales Ruiz.
Pode-se ainda combater o sedentarismo trocando os deslocamentos em veículo pelos próprios pés, sempre que possível. “É preferível fazer os deslocamentos caminhando ou de bicicleta”, disse a médica.
EM PÉ DIANTE DO COMPUTADOR PARA QUEIMAR CALORIAS
São mais do que conhecidos os prejuízos à saúde que podem advir da falta de atividade física, entre os quais obesidade e aumento dos índices de colesterol e glicose. Isso sem falar em dores nas costas e distúrbios cardiovasculares resultantes da prática de ficar sentado por muito tempo.
Uma medida simples para evitar danos à saúde é trabalhar em pé diante do computador. Para isso, existem as chamadas standing desks, mesas de altura regulável. O ato de permanecer em pé leva o organismo a consumir 0,15 quilocalorias a mais por minuto, dizem estudiosos. Se uma pessoa de 65 quilos fica seis horas em pé por dia, mesmo que não sejam consecutivas, adicionaria um gasto diário de 54 calorias, o que levaria a uma queima de 2,5 quilos de gordura por ano.
“Ficar em pé não sobrecarrega a região lombar, porque o peso se distribui ao longo da coluna vertebral e das pernas”, observou Morales Ruiz. “Além disso, permite alternar a carga entre uma perna e outra ou fazer pequenas caminhadas. E é mais difícil adotar posturas inadequadas.”
Para afastar o risco do surgimento de varizes quando o tempo de trabalho em pé é longo, bastaria mudar a regulagem da mesa de vez em quando de modo a poder sentar, o que alivia o sistema circulatório. Melhor ainda se puder sentar numa bola do tipo usada no Pilates, disse a médica. A bola impõe “sutis mudanças de posição da pélvis e dos membros inferiores. Assim aliviamos as sobrecargas”, explicou ela.
Morales Ruiz recomendou alternar os descansos a cada 30 minutos com alongamentos, em especial aqueles que favorecem as colunas cervical e lombar, os braços e a parte posterior das pernas.
Outra tendência são as chamadas walking meetings, ou seja, reunir-se com alguém enquanto caminha. A consultora Angie Morgan disse à revista Runner’s World que costuma praticar corrida com clientes. Segundo ela, isso assegura privacidade, evita distrações e oferece um ambiente que favorece a inteligência emocional.