Começou a funcionar este mês, na Islândia, a maior usina do mundo projetada para sugar dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e depois enterrá-lo em rochas no subsolo. A previsão é de que a instalação seja capaz de remover até 4 mil toneladas de CO2 do ar a cada ano – o correspondente às emissões de cerca de 870 carros, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.
Na inauguração da usina, a primeira-ministra islandesa, Katrín Jakobsdóttir, afirmou: “Este é um passo importante na corrida para zerar as emissões de gases do efeito estufa, o que é necessário para administrar a crise do clima.” Ela acrescentou: “Isso quase parece uma história de ficção científica, mas na nossa história temos outros exemplos de incríveis avanços tecnológicos.”
A usina é resultado de uma parceria entre a empresa suíça Climeworks AG e a Carbfix, islandesa. Chama-se Orca, numa associação com a palavra orka, que na língua islandesa significa energia. Sua abertura representa um alento num mundo onde especialistas consideram a redução de carbono na atmosfera a melhor solução para evitar uma mudança climática cada vez mais intensa.
De acordo com a Bloomberg, a construção da planta custou algo entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões. Suas instalações são compostas por quatro unidades, cada uma delas formada por duas caixas de metal semelhantes a contêineres.
Na usina, ventiladores puxam CO2 do ar para um coletor no qual há um filtro. Quando esse filtro está cheio de CO2, o coletor é fechado e sua temperatura sofre uma elevação de forma que o filtro libere o gás. Altamente concentrado, o CO2 é, então, recolhido e misturado a água antes de ser bombeado à profundidade de mil metros, em basalto, uma rocha vulcânica. Ali, ele se transformará em minério. O sistema é alimentado por energia renovável, de fonte geotérmica.
TEXAS TEM O MAIOR PROJETO DO TIPO EM CONSTRUÇÃO
Os responsáveis por esse mecanismo de captura e armazenamento de carbono o consideram uma eficaz ferramenta para o combate à mudança climática. Críticos argumentam, porém, que a tecnologia é excessivamente cara. Dizem também que pode demorar anos até que a usina possa operar plenamente.
Os defensores da tecnologia esperam, porém, que com o tempo os custos diminuam, a exemplo do que tem acontecido com painéis de energia solar.
Segundo estimativa da Agência Internacional de Energia, existem hoje no mundo quinze usinas que capturam CO2 na atmosfera. Juntas, elas removeriam 9 mil toneladas de gás por ano. O maior projeto do tipo está sendo construído no Texas, onde a petrolífera Occidental pretende capturar 1 milhão de toneladas de CO2 por ano.
A Agência Internacional de Energia afirmou este ano que até 2050 a humanidade precisa remover quase 1 bilhão de toneladas de CO2 diretamente do ar para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius – conforme determina o Acordo de Paris – e evitar impactos extremos da mudança climática. No ano passado, as emissões foram de 31,5 bilhões de toneladas, segundo a agência.
Há outras maneiras de reduzir o carbono no ar, além de injetá-lo no subsolo. Empresas de energia podem misturar CO2 a hidrogênio e produzir combustível. A Islândia tem amplos estoques de energia geotérmica, bem como uma geologia subterrânea que facilita a captura de carbono.