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A paixão como motor da nova economia

O jornalista americano Adam Davidson não tem dúvida de que somos mais felizes e bem-sucedidos quando trabalhamos com algo que nos dá prazer. Em A economia da paixão (Rocco), ele narra uma série de histórias de êxitos profissionais para sustentar sua convicção de que para prosperar nesses novos tempos é preciso substituir a economia de escala do século XX, praticada por grandes empresas, por um novo sistema caracterizado por nichos criativos menores e lucrativos. E é preciso fazer algo pelo qual sejamos apaixonados.

Davidson parte de sua própria história para explicar a mudança que identifica no mundo. Seu avô paterno era o retrato da economia de escala: trabalhava numa fábrica de rolamentos, onde galgou uma carreira de sucesso voltada para a produção em massa e marcada pela habilidade gerencial. Não que gostasse exatamente de rolamentos. Já seu pai seguiu a carreira de ator por paixão, para desgosto daquele avô. Não chegou a ser um astro, mas conseguiu sustentar a família fazendo o que gostava, ainda que enfrentando algumas dificuldades.

Davidson busca reconciliar o conflito desses dois homens. Ele próprio encontrou na profissão de jornalista especializado em economia um meio-termo entre paixão e ganha-pão. “Mais do que nunca, negócios e arte, lucro e paixão, estão ligados”, diz o autor. Para ele, estamos vivendo uma era de transição para essa nova economia.

“Nossa economia já não pode ser descrita como o binário simples do século XX, em que um lado é dinheiro, estabilidade e rotinização, e o outro é paixão, expressão pessoal e incerteza financeira”, afirma. “Para termos êxito financeiro, devemos adotar nossas paixões únicas. Temos que prestar bastante atenção aos interesses e habilidades que tornam cada um de nós diferente. Procurar fazer a mesma coisa da mesma maneira que os outros é o caminho mais certo para a mediocridade financeira, ou mesmo a ruína.”

Em uma das histórias de sucesso empresarial que o jornalista conta em seu livro, a vida de uma professora e sua companheira que trabalhava com produtos farmacêuticos mudou completamente quando elas resolveram se casar. Na cerimônia, ambas queriam usar terno, mas nada caía bem. Acabaram recorrendo a um alfaiate. A partir daí, tiveram a ideia de criar roupas femininas inspiradas em trajes masculinos. Para isso, abriram a Kirrin Finch, uma empresa que só faz crescer.

Para prosperar no século XXI, diz Davidson, é preciso seguir as oito regras da economia da paixão:

  • Busque intimidade em escala: Identifique algo que você adora fazer e combine essa paixão com as pessoas que mais a querem. É importante aqui encontrar os clientes certos.
  • Só crie valor que não possa ser facilmente copiado: Apenas empresas imensas podem criar valor em grande volume de maneira lucrativa. Concentre sua atenção em coisas que alcancem uma base de clientes relativamente pequena.
  • O preço que você cobra deve corresponder ao valor que você fornece: Seus produtos ou serviços devem ser únicos e tão especiais que, para seus clientes, não haja ponto de referência óbvio.
  • Melhor ter poucos clientes apaixonados do que muitos clientes indiferentes: A essência da economia da paixão é que o conjunto de paixões e habilidades de uma pessoa se torna um produto ou serviço que combina com as necessidades de um tipo de cliente específico.
  • Paixão é uma história: Você está vendendo uma história, e ela precisa ser verdadeira. É a história de sua paixão. Produtos ou serviços que resultam de uma paixão em geral são mais valorizados.
  • A tecnologia deve sempre apoiar seu negócio, não conduzi-lo: Os avanços tecnológicos representam uma série de facilidades, mas justamente por isso as relações pessoais nos negócios são mais cruciais do que nunca.
  • Conheça o negócio em que você está: A coisa central que você está vendendo é o valor real que traz para um cliente que deseja sua oferta. Se você vende pão, que seja “O” pão.
  • Nunca esteja no negócio de commodities: Commodity não é um produto diferenciado. Um negócio de paixão se diferencia dos outros para poder cobrar um preço único que representa seu valor único.

Bruno Casotti é jornalista e tradutor de A economia da paixão (Rocco).

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