Pela primeira vez em quinze anos, a Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês) atualizou suas diretrizes alimentares para a saúde cardíaca. Uma das novidades do novo documento é uma tentativa de simplificar a linguagem para se aproximar mais facilmente do consumidor. Em vez de dizer às pessoas quantas gramas comer de determinados alimentos, por exemplo, a AHA opta por indicar escolhas mais saudáveis.
As novas diretrizes seguem de perto a dieta mediterrânea, mas esqueça a ideia de que uma taça de vinho por dia faz bem à saúde. A associação desaconselha o consumo de álcool. Outra inovação é uma advertência contra os óleos de coco e dendê, popularizados na dieta cetogênica. O documento enfatiza ainda a importância de manter uma alimentação saudável durante toda a vida.
A AHA considera um desafio à alimentação saudável a popularização de formas rápidas e práticas de se alimentar, como os alimentos pré-prontos, as redes de fast food e as plataformas para entrega de comida em casa. Suas dez recomendações são:
- Ajuste a ingestão de energia (calorias) e o gasto de energia (atividades físicas) para alcançar e manter um peso saudável: Variações de peso ao longo da vida são prejudiciais à saúde cardíaca. As necessidades de energia variam de acordo com a idade, a intensidade das atividades físicas e o tamanho da pessoa, mas em geral a cada dez anos nossa necessidade de energia diminui de setenta a cem calorias.
- Coma muitas frutas, legumes e verduras. E com variedade: A AHA associa o consumo desses alimentos a uma mortalidade menor. Eles fornecem nutrientes essenciais, mesmo quando enlatados, congelados ou secos. Mas procure comê-los frescos e inteiros, e não em sucos. E evite adicionar sal ou açúcar.
- Coma grãos e outros alimentos integrais: Recomenda-se comer produtos com pelo menos 51% de cereais integrais em sua composição. Fuja de grãos e farinhas refinados.
- Escolha fontes saudáveis de proteína: Procure principalmente fontes vegetais de proteína, como nozes e leguminosas, como feijão, lentilha e grão-de-bico. Recomenda-se também a ingestão regular de peixes e laticínios com baixa ou nenhuma gordura. Para carnes e aves, escolha cortes magros e formas não processadas.
- Use óleos vegetais líquidos, em vez de óleos tropicais e parcialmente hidrogenados: O óleo de coco tem mais gordura saturada que a manteiga, alerta a associação. Evite também gorduras animais, como manteiga e banha de porco. Prefira óleos de soja, oliva, canola, milho, cártamo e girassol, bem como óleos e manteigas feitos de nozes e amendoim.
- Escolha alimentos minimamente processados: Os alimentos ultraprocessados são associados a sobrepeso, doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos. Fuja deles.
- Minimize a ingestão de bebidas e alimentos com adição de açúcar: A recomendação é reduzir alimentos e bebidas com qualquer forma de açúcar, inclusive mel. Adoçantes com baixa ou nenhuma caloria também são desaconselhados, por não haver comprovação científica suficiente de seus benefícios.
- Prepare alimentos com pouco ou nenhum sal: Esta recomendação se aplica também aos alimentos processados que você compra. Uma alternativa na culinária é a substituição do sal comum por sal enriquecido com potássio. As diretrizes da AHA foram divulgadas semanas depois de a Food and Drug Administration (a agência americana para alimentos e medicamentos) recomendar a fabricantes de alimentos e restaurantes a redução da quantidade de sódio. O limite seria de 2,3 gramas por dia.
- Se você não bebe álcool, não comece; se bebe, modere o consumo: A AHA considera que os riscos aqui variam de acordo com a quantidade e os hábitos de consumo, bem como a idade e o sexo. Mulheres não deveriam passar de um copo por dia; e homens, de dois copos.
- Adote essas recomendações independentemente de onde os alimentos são preparados ou consumidos: A AHA recomenda apoio a políticas públicas que incentivem escolhas alimentares mais saudáveis.
A médica Alice Lichtenstein, que presidiu o grupo responsável pela preparação do documento, afirmou ao Medical News Today que “todos nós podemos nos beneficiar de um padrão de dieta saudável para o coração independentemente da fase da vida”. Disse ainda que é possível criar um padrão de alimentação saudável coerente com nossas preferências, estilo de vida e hábitos culturais.
“Não precisa ser complicado, nem consumir tempo, nem ser caro ou não atraente”, afirmou. “Você pode adaptar uma dieta saudável para o coração a diferentes estilos de vida, inclusive comendo em restaurantes.” E acrescentou: “O guia alimentar visa a alcançar adequação de nutrientes, apoio à saúde cardíaca e bem-estar geral e abranger preferências pessoais, práticas étnicas e religiosas e fases da vida.”