O Google desenvolveu um aplicativo que utiliza inteligência artificial (IA) para identificar nada menos que 288 doenças ou anomalias na pele – incluindo cabelo e unha. Para usar o Derm Assist, o usuário precisará fornecer à ferramenta três fotos em ângulos diferentes do distúrbio – uma verruga ou mancha, por exemplo – para que este seja detectado. Em muitos casos, terá também que responder a algumas perguntas. O índice de precisão do reconhecimento seria de 97%.
A novidade foi anunciada na Google I/O, recente conferência da big tech. A empresa afirmou que decidiu desenvolver o aplicativo depois de constatar que a cada ano são feitas cerca de 10 bilhões de pesquisas sobre problemas de pele, cabelo e unha em sua ferramenta de busca. Mas deixou claro que o aplicativo não substituirá o diagnóstico médico.
Foram necessários três anos para desenvolver o Derm Assist, disse o Google. Para estruturá-lo, foram usadas 65 mil imagens de males diagnosticados, milhões de imagens de marcas na pele que preocupavam aqueles que as tinham e ainda milhares de fotos de peles saudáveis.
O aplicativo já recebeu autorização para ser comercializado na Europa, mas não nos Estados Unidos. Seu mecanismo se baseia em ferramentas já desenvolvidas pelo Google para identificar sintomas de tuberculose e certos cânceres, nenhuma das quais foi, porém, aprovada como alternativa ao diagnóstico médico.
POSSIBILIDADE DE TRATAMENTOS MAIS INDIVIDUALIZADOS
Especialista em câncer na Universidade de Southampton, no Reino Unido, o professor Tim Underwood afirmou à BBC que o aplicativo do Google tem potencial para permitir tratamentos dermatológicos mais individualizados.
“A aplicação de IA em câncer e outras áreas da medicina informa a discussão em torno da qual pode se dar o diagnóstico e qual o tratamento a ser oferecido a um indivíduo”, disse ele.
Em análise para a BBC, o jornalista especializado em saúde e ciência James Gallagher observou que esta não é primeira vez que se usa IA em tratamento de saúde, mas considerou a iniciativa do Google importante por permitir ao público pesquisar a doença.
Para Gallagher, o Google considera o uso do aplicativo melhor do que uma pesquisa em sua ferramenta de buscas na internet. “Os médicos e desenvolvedores envolvidos me disseram que a IA foi otimizada para evitar deixar passar doenças ‘alarmantes ou assustadoras’ como câncer de pele”, disse ele. “O lado bom é que algumas pessoas serão aconselhadas a checar algo que se revelará benigno.”