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Assédio moral: muito mais presente do que imaginamos

O assédio moral não é uma prática recente. Trata-se de uma questão que tem sido amplamente discutida e vivida em empresas de diferentes segmentos de atuação, independentemente de raça, gênero, idade, sexo, profissão ou repertório.

Enquanto não construirmos lideranças participativas, cooperativa, transparente e principalmente com autoconhecimento, o cenário estará mais favorável à gestão pelo medo, propiciando atitudes típicas do assédio moral. Humilhações, ofensas, maus-tratos, abuso de poder, manipulações e falta de reconhecimento acontecem diariamente nas empresas.

A psicanalista francesa Marie-France Hirogoyen, autora do livro Assédio moral: a violência perversa no cotidiano, esclarece que o nome do assédio moral, também chamado de mobbing, termo conhecido por doutrinadores e pesquisadores na área trabalhista, vem do verbo inglês to mob, cujo significado é maltratar, atacar, perseguir, sitiar, entre outras coisas. Segundo Marie-France:

Por assédio em um local de trabalho temos que entender toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, por em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho.

Infelizmente, há muitas corporações que ainda praticam modelos de gestão baseados em assédio, conduzidos por executivos emocionalmente mal capacitados e incapazes de assumir posições de liderança. Por vezes, essas ameaças são praticadas de forma tão sutil que mais parece em código Morse.

Em seu livro Marie-France alerta que, diante de episódios de assédio moral, o contexto social, ou mesmo a cultura nos induz à cegueira, à tolerância e à complacência, levando-nos a banalizar de tal forma a perversão, criando assim um processo inconsciente de destruição psicológica.

Uma violência declarada, mesmo quando oculta, no qual o processo de destruição moral do outro, pode levá-lo a enfermidade mental, espiritual e física.

Segundo o site E-Commerce News, em 5 de novembro de 2018, Cassiano Machado, sócio-diretor da ICTS Outsourcing, especializada em serviços contínuos para gestão de riscos, ética e compliance, relata que o número de denúncias de assédio moral vem aumentado ao longo dos últimos anos:

Entre 2010 e 2017, a média por empresa cresceu 58%. Observando-se o comportamento de um subgrupo de mesmas companhias ao longo do tempo, constatamos que houve um incremento de 62,8% na quantidade de relatos realizados no triênio 2015-2017 versus o triênio anterior.

Liderança não é apenas estar em uma posição superior hierarquicamente ou assumir o comando de equipes. Conheço pessoas que são os melhores líderes em suas casas ou comunidades do que muitos gestores. Ser líder depende de uma penca de atributos e habilidades — pensamento visionário, capacidade analítica, foco em resultados, versatilidade intelectual, inteligência emocional, bom senso etc. e tal. Porém, acredito que a arte de liderar está em conhecer, reconhecer e estimular as forças de sua equipe. Tirar proveito do que se tem de melhor. E, para que isso aconteça de forma orgânica e autêntica, o autoconhecimento é essencial. Um líder que se conhece lida melhor com as situações adversas, se comunica com clareza, passa segurança, cria metas consistentes e contribui para um ambiente com vibrações positivas.

Um bom e digno gestor é aquele que apesar das falhas, limitações e obstáculos, trabalha em prol do sucesso do negócio, de seus parceiros e colaboradores. Um gestor é um líder e tem como compromisso impactar positivamente na motivação e no desenvolvimento da equipe, transmitir os valores e a cultura organizacional, dispor de uma comunicação clara e objetiva, minimizar eventuais problemas e riscos, aumentar a produtividade da empresa, ter habilidade empática, aprender junto com seus colaboradores, reter e incentivar talentos, escutar as ideias e opiniões de todos e, assim, proporcionar a organização e o alcance dos melhores resultados.

Após décadas de experiência corporativa e um período sabático preenchido por sessões de psicanálise, coaching e estudos de Filosofia, chego à constatação que autoconhecimento é determinante. A ausência de conhecimento de si, da nossa essência, é um convite à insegurança, que por sua vez conduz a relações destrutivas, manipuladoras e um estilo de liderança centralizador.

Conhecer e aceitar nossos limites psicológicos, morais, intelectuais e ideológicos, nos direciona à realização de escolhas conscientes. O autoconhecimento implica o desenvolvimento de uma postura mais madura e menos infantilizada, favorece a independência intelectual, possibilita um posicionamento claro e responsável.

Como reflexão e oportunidade de melhoria, vamos abrir espaço para harmonia entre o ser e o nosso meio, com o propósito de gerar equilíbrio e organização nos níveis físico, emocional, mental, espiritual e energético. Por menos discursos e mais atitudes conscientes e verdadeiras. Esse é um processo de perpétuo aperfeiçoamento, que não nos dá certificados ou bonificação. Porém, há garantia de um ROI de extrema valia. Obrigada por sua leitura. Adoraria saber sua experiência.

Até mais!

Por Chris Marques

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