Muitas vezes, as pessoas só conhecem de verdade aquele ou aquela com quem se relacionou no momento da separação. Nessa hora, as máscaras caem e cada um dá aquilo que tem. Parece simples respeitar as escolhas do outro, mas quando o fim do enredo não bate com o que o ego te permite acreditar, o ser “abandonado” tende a fazer o diabo para (se) complicar.
Tudo certo como dois e dois são cinco, uns passam a viver não a sua vida, mas a do outro. Às vezes, já faziam isso dentro da relação – farão mais forte ainda fora dela. Há aqueles que, pelas redes sociais ou não, acompanham a trama de outrem feito novela, perdendo o bonde da própria existência. Envelhecem sem angariar experiências. Posando de vítima, ganham migalhas de carinho ao tirarem onda de pobres coitados.
Escrevi faz tempo um texto chamado “Espermatozoide de sucesso”, que vocês acham no Google. Se tivesse que nomear esse tipo de pessoa que abdica de si para torcer positiva ou negativamente pelo outro, seria “Espermatozoide infértil”. Animal parcialmente racional ou convenientemente irracional.
Num momento de extrema dor e decepção, como um vínculo rompido a contragosto, o melhor a fazer é encarar a realidade, buscar autoconhecimento e encontrar seu propósito de vida. Uma limpa no enxoval antigo e mofado, como prova de que deixou o passado para trás e está com o peito aberto para o novo, é o primeiro passo. Aproximar-se dos familiares que incondicionalmente te amam, carinho que fortuna nenhuma do mundo paga. Um curso, um emprego novo, ajudar o próximo, enfim, fazer o bem atrai o bem. Conforta o coração, abre horizontes. Enquanto querer o mal magnetiza vibração afim. Dor, sombra, trevas, falta de perspectivas ou mais desilusões à vista — e sem prazo.
Para se alcançar a vida eterna há de se passar pela via-crúcis da vida. Mas só cruza o calvário quem se movimenta, mesmo que com coroas de espinhos a sangrar-lhe a testa. Avante, sempre! Lembre-se: Deus não te dá uma cruz mais pesada do que possas carregar.
Marcos Eduardo Neves é jornalista, publisher da Approach Editora e escritor, autor de Nunca houve um homem como Heleno (Zahar).