O consumo de alimentos à base de plantas caminha a passos largos no Brasil. Segundo um estudo do Euromonitor, o mercado no setor aumentou de US$ 48,8 milhões, em 2015, para US$ 82,8 milhões, em 2020, o que representa um crescimento de quase 70% em cinco anos. A tendência se manteve no ano que passou, indicada pela oferta cada vez maior de produtos como carnes vegetais e bebidas vegetais.
Com base em estudos da Mintel, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) indicou que o número de novos produtos plant-based aumentou 40% entre 2015 e 2019. Dados da mesma pesquisa mostraram ainda que, nas Américas do Sul e Central, o Brasil foi o país que registrou mais novidades.
O crescimento do setor no mundo é expressado pela presença de unicórnios – empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão – nesse mercado. Exemplos disso são a NotCo, que se utiliza de inteligência artificial para desenvolver produtos à base de plantas; a Eat Just, especializada em ovos vegetais; e a Impossible Foods, que oferece carnes vegetais.
No Brasil, uma marca de destaque é a foodtech Fazenda Futuro, que produz carnes vegetais. Seu fundador, Marcos Leta, afirmou ao Valor Econômico que neste mês de janeiro a empresa estará expandindo sua produção para o setor de bebidas vegetais e entrando no mercado americano.
Um dos destaques da Fazenda Futuro é um hambúrguer produzido com ingredientes sem organismos geneticamente modificados, fornecidos por produtores que não praticam desmatamento. E uma das novidades da marca é o atum à base de plantas.
BRASILEIROS REDUZIRAM CONSUMO DE CARNE POR OPÇÃO
A BRF – fruto da fusão entre Sadia e Perdigão – também vem apostando em proteínas alternativas. No fim do ano passado, apresentou um frango vegetal, anunciado como a primeira carne vegetariana carbono neutro do Brasil. Já a JBS entrou recentemente no negócio de carne cultivada.
Cientistas vêm alertando para os riscos do consumo de carne para a saúde, bem como para o meio ambiente. A pecuária contribui para a emissão de gases do efeito estufa, responsável pela mudança climática. Isso, não só devido ao desmatamento de áreas utilizadas como pastos, mas também pela emissão de metano na flatulência do gado.
Um estudo divulgado na Nature indicou que, no sistema de alimentação, a carne representa 57% das emissões de gases do efeito estufa, e os alimentos à base de plantas, 29%.
No Brasil, uma pesquisa do Ibope mostrou que 14% da população se considera vegetariana. Já um estudo do Good Food Institute em parceria com o Ibope indicou que 49% da população reduziu o consumo de carne e que 39% passou a consumir alternativas vegetais três vezes por semana.
CHEF RECOMENDA ESTRATÉGIA PARA CONSUMIR MENOS CARNE
Também uma pesquisa do Ipec, a pedido da Sociedade Vegetariana Brasileira, mostrou essa mudança nos hábitos alimentares do país indicando que 46% dos brasileiros não consomem carne por vontade própria pelo menos uma vez por semana.
O DataFolha também constatou a tendência. Em pesquisa divulgada em setembro do ano passado, afirmou que 67% dos brasileiros reduziram o consumo de carne vermelha, registrando uma queda de 14% no consumo em relação a 2019.
A prática da redução do consumo de carne vermelha vem sendo chamada de reduciatarianismo. Outro termo popularizado é flexitarianismo, que se refere a vegetarianos que vez por outra consomem carne.
Em depoimento ao site Metrópoles, a chef Roberta Azevedo, da Comedoria Sazonal, recomendou a quem quer reduzir o consumo de carne: “Passe a não consumir em casa e deixar para ocasiões em que você vai se alimentar fora do seu lar. Isso já ajuda muito na redução. Quando menos perceber, a carne já não é mais protagonista na alimentação. A economia que fará na hora das compras vai ser perceptível no final do mês.”
Com informações de artigo de Amanda Stucchi para o site Vegan Business.