Embora emoções positivas constituam o componente mais intuitivamente associado à felicidade, muito pouco se sabia, antes do advento da psicologia positiva, sobre a sua mecânica. Inúmeros estudos foram publicados nos últimos anos – notadamente por Myers, Diener e Barbara Fredrickson – tentando responder exatamente a esta pergunta: Como emoções positivas contribuem para a felicidade?
A Teoria do Broaden & Build, ou da percepção ampliada e construtiva, publicada em 1998 por Fredrickson, identifica e diferencia os padrões comportamentais de indivíduos e grupos quando da experiência de emoções negativas e positivas, servindo como um dos principais pilares para a compreensão desse componente da felicidade.
Susan Scott, master coach e CEO da Fierce Inc., ensina em seu best-seller Fierce Conversations que tudo que apreendemos por meio de nossos sentidos e nossas experiências passa por um poderoso filtro, denominado contexto. O contexto abre para a construção de novos caminhos.
COMPREENSÃO MAIS AMPLA E CRIATIVA
Pela teoria da percepção ampliada e construtiva, Fredrickson afirma que as emoções positivas ativam a criatividade humana, tornando-nos mais flexíveis e capazes de “pensar fora da caixa” e, com isso, criar soluções inusitadas para as mais diversas situações.
Fredrickson associa boa parte da natureza inventiva humana a essa teoria, o que representa outro marcante diferencial evolutivo de nossa espécie. Além do aumento da criatividade, a experiência de emoções positivas está diretamente associada à liberação de hormônios como a oxitocina, que motiva e facilita a interação entre as pessoas e a formação de relacionamentos positivos, outro componente da felicidade ou bem-estar subjetivo.
Além de possibilitar uma compreensão mais ampla e criativa e, portanto, otimista da realidade, a experiência de emoções positivas está diretamente associada à saúde, já que pessoas que experimentam mais emoções positivas ao longo de determinado período demonstram melhora no sistema imunológico, maior qualidade de sono e melhores níveis respiratórios e cardíacos.
NOVAS E MAIS FORTES EMOÇÕES
A formação de laços relacionais mais fortes e positivos também está associada à experiência de emoções positivas, o que duplamente orienta para mais felicidade ou bem-estar subjetivo. Mais do que isso, acredita-se que a experiência de emoções positivas seja necessária para minimizar os efeitos (ou resíduos) de emoções negativas anteriores, de modo a criar uma espiral positiva para a experiência de novas e mais fortes emoções positivas, bem como uma capacidade maior para lidar com as negativas.
Nas palavras de Fredrickson: “O alargamento psicológico desencadeado por uma emoção positiva pode aumentar a receptividade de um indivíduo para eventos subsequentes agradáveis ou significativos, aumentando as chances de que o indivíduo encontre um significado positivo nesses eventos e experimente emoções positivas adicionais”.
Henrique Bueno é mestre em psicologia positiva.