A colaboração tem um impacto positivo sobre a inovação. Esta é a principal conclusão de uma pesquisa divulgada no periódico Manufacturing & Service Operations Management (M&SOM). O estudo chega à mesma conclusão a partir de diferentes experiências, seja analisando pessoas vinculadas a uma força individual ou envolvidas num esforço coletivo.
Dedicado a pesquisas analíticas sobre gerenciamento de operações na indústria de manufatura e serviços, o M&SOM é uma publicação do Institute for Operations Research and Management Sciences, uma sociedade internacional.
Conforme o estudo, um criador individual tem uma possibilidade 17% menor de chegar a resultados inovadores em projetos modulares, em comparação a trabalhos coletivos. Projetos modulares são aqueles que podem crescer tanto em tamanho quanto em funcionalidade e que necessitam do saber de diferentes áreas.
Mesmo em casos em que as ideias nasceram de indivíduos isolados, o estudo constatou que, para serem bem-sucedidos, esses indivíduos tiveram experiências anteriores de trabalho em grupo. E foi isso que lhes permitiu conquistar melhores resultados em termos de inovação.
Projetos que dependem de uma visão completa, como o desenvolvimento de um produto, costumam se concentrar nas mãos de uma única pessoa. Quando esse tipo de trabalho é divido dentro de um grupo, é preciso uma coordenação eficiente e um amplo compartilhamento de informações para se chegar a um bom resultado, atesta a pesquisa. Só assim os participantes terão a visão do todo para conseguir somar no resultado final.
A colaboração, concluiu o trabalho, exerce uma função importante independentemente do tipo e da complexidade do projeto que está sendo desenvolvido.
INOVAÇÃO COLETIVA EM TEMPOS DE PANDEMIA
O trabalho coletivo tem papel definitivo em projetos inovadores mesmo considerando o isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus. Foi a partir da integração de grupos conectados digitalmente que nasceram soluções como a ampliação da telemedicina e da telepsicologia. Foi assim ainda que redes de saúde privadas passaram a disponibilizar suas estruturas ao Sistema Único de Saúde.
Também é um bom exemplo dos benefícios da colaboração a criação de novos formatos de máscaras e de outros equipamentos de proteção individual com o apoio de empresas de impressão em 3D e laboratórios de prototipagem. A inovação aqui inclui o uso de materiais ecológicos, de rápida degradação, para a fabricação desses equipamentos, bem como a produção de novos tipos de respiradores, até quinze vezes mais baratos que os convencionais.
Num primeiro momento, dizia-se: “a Covid-19 é problema da China”, ou “idosos com problemas respiratórios devem ficar em casa”, ou ainda “a Europa que dê conta de seus doentes”. Muitos subestimaram o que vinha pela frente. Essa postura causou uma demora para que as pessoas saíssem de suas zonas de conforto e percebessem que a dor do outro também é a nossa, bem como que a saúde do outro é nossa também.
Não tardou, porém, a percepção de que os negócios interagem com o sistema e de que a ação do outro tem impacto sobre a vida de cada um. Uma empresa não irá para a frente se seu fornecedor falir; os problemas mundiais, ou locais, incluem pensar nos danos ao outro, a curto ou longo prazo. Ou seja, há uma interdependência geral.
Quando há incentivo para a colaboração, os resultados surgem mais rapidamente, porque um problema que era individual passa a ser de todos. Simples assim. Quando a inovação ocorre a partir da colaboração, amplia-se o uso da inteligência coletiva, diz o estudo. A soma de forças contribui para a superação de riscos e barreiras que antes poderiam parecer instransponíveis.