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IBGE diz que obesos já são um quarto da população

Uma simples observação de pessoas passando na rua poderia ilustrar os resultados da mais recente edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): quase três terços dos brasileiros (67%) estão acima do peso. Os obesos já representam um quarto da população. E o percentual de adultos obesos mais do que dobrou em 17 anos: passou de 12,2% (entre 2002 e 2003) para 26,8%, em 2019.

As soluções apontadas por especialistas para conter o crescimento da obesidade no país já são bastante conhecidas: adotar hábitos alimentares mais saudáveis, bem como atividades físicas. Técnica do IBGE que participou da pesquisa, Flávia Vinhaes afirmou: “Faltam políticas públicas estruturadas de combate à obesidade e ao excesso de peso, como o incentivo à ingestão de alimentos saudáveis e à prática esportiva.”

O levantamento mostrou que a prevalência do excesso de peso aumenta com a idade, ultrapassando 50% na faixa etária de 25 a 39 anos de idade. Entre os menores de 18 anos, um em cada quatro estavam obesos em 2019, o que representa 41 milhões de pessoas. Aproximadamente um terço das pessoas de 18 a 24 anos estavam acima do peso. Já entre aquelas de 40 a 59 anos, o índice foi de 70,3%.

“Com o avanço dos grupos de idade, a prevalência vai aumentando”, disse Flávia, “mas ela diminui na faixa de idade dos 60 anos ou mais. Isso para ambos os sexos. A gente observa que as mulheres têm mais prevalência que os homens em excesso de peso, exceto na faixa de 25 a 39 anos, em que os homens têm o percentual mais elevado.”

 

PARA MÉDICA, OBESIDADE É ENDÊMICA NO PAÍS

Mil e duzentos pesquisadores do IBGE percorreram 108 mil domicílios de 2.167 cidades brasileiras para realizar a pesquisa. Os dados levam em conta o índice de massa corporal, que relaciona o peso à altura. Para o excesso de peso, foi considerado o índice superior a 25. Para a obesidade, acima de 30.

Com experiência de atendimento em consultório e dois hospitais do Rio de Janeiro, a endocrinologista pediátrica Sylvia Esch diz não ter dúvidas de que a obesidade está aumentando entre as crianças. Ela aponta como prováveis motivos as propagandas maciças de hambúrguer, pizzas e refrigerantes, além de hábitos sedentários e ansiedade diante das telas de TV e computador.

Para Sylvia, a obesidade é uma doença endêmica no Brasil, bem como um “mal de família”. “Os pais dessas crianças também costumam ser obesos”, diz ela. “O problema atinge todas as classes sociais e, infelizmente, é maior entre as pessoas com menos informação e recursos. Muitos nem sabem o mal que fazem certos alimentos, e quando sugiro o consumo de legumes e grãos integrais, alegam que as besteiras são mais baratas.”

A obesidade é associada a uma maior propensão a diversos males, como diabetes, hipertensão, doença cardíaca e câncer.

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