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Impulso à produção de orgânicos no Vale do Paraíba

Centenas de produtores rurais orgânicos do Vale da Paraíba e da Serra da Mantiqueira contam agora com um novo programa de incentivo para chamar de seu. Trata-se do CaipiraTech Lab, criado pela ONG Silo – Arte e Latitude Rural, que se dedica a projetos em áreas rurais. O objetivo da iniciativa é integrar e estimular esses produtores de alimentos sem agrotóxicos.

Abacate, banana, verduras, mel, arroz e café são alguns dos produtos cultivados e comercializados nessas regiões, que têm localização estratégica para a distribuição nos dois maiores centros urbanos do país. O Vale do Paraíba se estende pelos estados de Rio de Janeiro e São Paulo. Já a Mantiqueira abrange ambos e ainda Minas Gerais.

Diferentemente do que aconteceu no passado, quando o Vale do Paraíba era dominado por grandes fazendeiros que cultivavam em especial o café, hoje 80% da região é ocupada por propriedades com menos de cem hectares administradas por famílias, e com predomínio do cultivo de alimentos orgânicos.

Cinthia Mendonça, fundadora e diretora da Silo e uma das idealizadoras do CaipiraTech Lab, afirmou ao site Colabora que nas duas regiões há uma nova geração de produtores rurais interessados em investir em agroecologia e produtos orgânicos. “Muitos têm raízes rurais e estão reencontrando suas raízes, mas há também aqueles que deixaram a cidade e buscam um novo modo de vida”, disse ela.

É o caso do casal Evelyn Miranda, engenheira florestal, e Rômulo Arruda, gestor ambiental. Depois de anos prestando consultoria ambiental a grandes empresas de Belo Horizonte e Florianópolis, eles decidiram se instalar no Vale do Paraíba e ter seu próprio pedaço de chão.

“Nós queríamos trabalhar diretamente com a terra e cultivar produtos saudáveis com os conhecimentos que tínhamos”, disse Evelyn ao Colabora. Hoje, ela e o marido cuidam da Fazenda Meio Hectare, projeto de agricultura familiar com produção orgânica, baseada em princípios agroecológicos, a exemplo do que faz a maioria de seus vizinhos.

 

COMERCIALIZAÇÃO A PARTIR DO ANO QUE VEM

Criada em 2017 e gerida majoritariamente por mulheres, a Silo procura promover o intercâmbio entre áreas como arte, ciência e tecnologia, bem como o cruzamento entre informações técnicas intuitivas e saberes científicos. Para isso, realiza programas de residência artística, laboratórios de criação, ações educativas, mutirões de agroecologia e atividades voltadas para o público feminino. Tem sede em Serrinha do Alambari, área de proteção ambiental da Mantiqueira, em Resende, Rio de Janeiro.

O CaipiraTech Lab pretende começar a comercializar alimentos no ano que vem. Para isso, os produtores deverão ser instruídos sobre as possibilidades logísticas do negócio e terão acesso a uma consultoria de estímulo às vendas e à criação de uma corrente de atuação em comum.

O programa teve início com o mapeamento da região do Vale do Paraíba. Partiu em seguida para uma campanha de divulgação das famílias de produtores rurais e dos responsáveis pela fabricação e beneficiamento de produtos locais. Veio daí a seleção de quinze produtores rurais para minicursos online gratuitos nas áreas de finanças, gestão e comunicação. A finalidade é incentivar o compartilhamento de conhecimentos, histórias de vida e práticas cotidianas.

Esses quinze produtores vivem nos municípios fluminenses de Valença, Resende e Volta Redonda; nos municípios mineiros de Camanducaia, Carvalhos e Bocaina de Minas; e ainda em Taubaté, em São Paulo.

Organizações participativas baseadas em agroecologia, como o CaipiraTech Lab, buscam democratizar o acesso a alimentos sem agrotóxicos, cada vez mais valorizados pela sociedade. Na medida em que promovem a redução do consumo de alimentos muito processados e a criação de circuitos locais de distribuição, essas iniciativas são capazes de alterar a distribuição de riqueza – deslocando-a de grandes indústrias e proprietários – e evitar a degradação das culturas alimentares locais.

“O mapeamento e a campanha de comunicação que realizamos colaboram para que se possa conhecer e reconhecer quem produz”, afirmou Cinthia Mendonça ao site Ciclovivo.

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