Comer bem não é só uma questão de bem-estar pessoal. Na verdade, comer bem é uma questão de sobrevivência!
Devido à grande oferta de alimentos com valor nutricional muito baixo, ultraprocessados ou ricos em açúcares e gorduras pouco saudáveis, manter uma dieta equilibrada pode ser um desafio para muitos de nós. Esse não é um problema local. Em várias regiões do mundo as pessoas estão se alimentando cada vez pior, consumindo menos alimentos saudáveis do que deveriam.
Uma dieta pobre é responsável por mais mortes do que qualquer outro fator de risco no mundo
Em 2017, mais mortes foram causadas por dietas com quantidades muito baixas de alimentos como grãos integrais, frutas, nozes e sementes do que por dietas com altos níveis de alimentos como gorduras trans, bebidas açucaradas e altos níveis de carnes vermelhas e processadas.
Dietas com alto teor de sódio, baixo teor de grãos integrais e baixo teor de frutas juntas representaram mais da metade de todas as mortes relacionadas à alimentação em todo o mundo.
Enquanto o sódio, açúcar e gordura têm sido o foco dos debates políticos nas últimas duas décadas, pesquisadores sugerem que os principais fatores de risco dietéticos são a alta ingestão de sódio ou baixa ingestão de alimentos saudáveis, como grãos integrais, frutas, nozes, sementes e vegetais.
O estudo avaliou o consumo dos principais alimentos e nutrientes em 195 países e quantificou o impacto de dietas pobres em mortes e doenças causadas por doenças não transmissíveis (especificamente cânceres, doenças cardiovasculares e diabetes) entre 1990 e 2017.
O estudo analisou 15 elementos: dietas pobres em frutas, vegetais, legumes, grãos integrais, nozes e sementes, leite, fibras, cálcio, ácidos graxos, ômega-3, gorduras poli-insaturadas e dietas ricas em carne vermelha, carne processada, bebidas adoçadas com açúcar, ácidos graxos trans e sódio. Os resultados não foram animadores.
Tendências globais de consumo
Descobriu-se que comemos mal em todo o mundo. Alguns alimentos são consumidos em níveis ideais em poucas regiões como, por exemplo, o consumo de feijões na América Latina, ou peixe, na região do Mediterrâneo, mas, no geral, o habitante médio do planeta Terra possui hábitos alimentares muito ruins e potencialmente danosos para sua saúde.
As causas das mortes por conta de alimentação pobre incluíram 10 milhões de mortes por doenças cardiovasculares, 913.000 mortes por câncer e quase 339.000 mortes por diabetes tipo 2. Essas mortes aumentaram com os anos em grande parte devido ao aumento e envelhecimento da população.
Nozes e sementes, leite e cereais integrais estão entre os itens com as maiores deficiências de consumo. Os maiores excessos foram vistos em bebidas adoçadas com açúcar, carne processada e sódio. Em média, o mundo consumia apenas 12% da quantidade recomendada de nozes e sementes (cerca de 3g de consumo médio por dia, em comparação com 21g por dia) e bebia cerca de dez vezes a quantidade recomendada de bebidas açucaradas (média de 49g, em comparação com 3g recomendado).
O que fazer para corrigir esse quadro?
Pesquisas como essa apontam para a necessidade da criação de políticas de reeducação alimentar para a população. Não podemos reduzir problemas como esse a escolhas pessoais, com consequências que afetam a saúde de 20% da população mundial. Medidas de conscientização, redistribuição e estímulo por hábitos alimentares saudáveis precisam ser desenvolvidas o quanto antes.