Tão importante quanto saber a posição que cada parte do corpo deve assumir para a realização de um asana, é entender que isso não é tudo. Como diz uma passagem do livro clássico de Antoine de Saint-Exupéry, “o essencial é invisível aos olhos”.E o coração do asana reside numa atitude de auto-observação, sem a qual, além de estar subaproveitando a prática, você ainda corre risco de se machucar, mesmo que já tenha ouvido sobre ahimsa.
Ahimsa? Literalmente significa ausência de violência em todos os níveis, físico, verbal e mental e faz parte da atitude adequada ao praticar. Porém, no contexto dos asanas, não basta simplesmente saber que essa palavra indica o respeito pelos nossos limites naturais.
Na verdade, o emprego de ahimsa nem é possível sem uma atitude de atenção voltada a si mesmo, de modo a poder sentir seu corpo em todas as etapas de cada movimento, dando importância ao percurso, sem se afobar para chegar na posição final.
Sei que ao ler isso, algumas pessoas podem pensar que não são aptas para o yoga, pois são desatentas. Contudo é justamente para elas que a prática vai ter mais importância. O corpo é uma excelente âncora para nossa atenção e esse é inclusive o propósito comum e essencial de todos os asanas: tornar nossa mente disponível, presente.
Para assumir essa atitude adequada de auto-observação, além de iniciar a prática com um aquietamento e um mantra, o autoquestionamento “o que eu quero com a prática?” pode fazer toda a diferença. Essa questão abre nossa mente e nos coloca em contato com o que é, de fato, importante para cada um de nós ali naquele momento.
Embora muitos asanas possam promover um aumento da elasticidade muscular, sinceramente espero que seu objetivo principal com a prática não seja se transformar no(a) homem/mulher elástico.
“No Yoga, não estamos criando algo para os outros assistirem. Quando fazemos vários ásanas, observamos o que estamos fazendo e como estamos fazendo. Fazemos apenas para nós mesmos. O praticante é o observador e o objeto de observação ao mesmo tempo. Se não prestarmos atenção em nós mesmos na nossa prática, não podemos chamá-la de yoga.” Krishnamacharya.
Sendo assim, fica evidente que não devemos realizar o asana se baseando somente na forma, na estética da postura. E que asana bem feito é aquele construído sobre esse entendimento, respeitando-se os limites naturais e compreendo o propósito pelo qual se pratica. Imediatismo e necessidade de provar que pode fazer igual ou melhor que os outros são os obstáculos que devem ser contornados.
Boa prática!