Recuperar o sono perdido pode não ser tão fácil quanto se imagina. Pesquisadores da Universidade de Jagiellonian, na Polônia, investigaram recentemente a rapidez dessa recuperação em um grupo de pessoas. Depois de dez dias de privação de sono e uma semana para reabilitação, a maioria dos parâmetros de desempenho cognitivo dos participantes do estudo ainda não havia retornado ao normal.
Os cientistas usaram tecnologia avançada para medir o estado de vigília das pessoas e monitorar sua atividade cerebral. Também fizeram diversos testes de desempenho cognitivo subjetivo e objetivo. Publicados na revista científica Plos One, os resultados do estudo foram divulgados no Medical News Today.
Durante dez dias, os participantes do estudo dormiram em média dois terços do tempo que costumavam dormir. Constatou-se que, ao longo desse período, eles foram perdendo cada vez mais a capacidade de pensar. Quando puderam voltar a dormir como antes, não houve sono extra que pudesse fazê-los a retornar facilmente às condições anteriores.
Os autores do estudo lembram que é comum interromper o sono em profissões ligadas a setores como saúde, transportes e entretenimento. Porém, para muita gente, o trabalho remoto imposto pela pandemia tem tornado impreciso o limite entre trabalho e vida privada, afirmam eles. “A ruptura do ritmo da atividade de descanso é um dos efeitos colaterais comuns no trabalho remoto”, atestam.
Sabemos que o sono é essencial para a saúde, embora a quantidade de sono de que as pessoas precisam possa variar. Em média, adultos precisam de pelo menos sete horas de sono para se sentirem bem no dia seguinte. E uma das constatações do estudo é que é um erro achar que se pode recuperar o sono perdido durante uma semana de trabalho árduo dormindo no fim de semana.
SONO INSUFICIENTE PODE AUMENTAR RISCO DE DOENÇAS
“Esse estudo acrescenta uma grande massa de indícios de que o sono insuficiente tem efeitos prejudiciais sobre nosso funcionamento durante o dia”, comentou ao Medical News Today a doutora Stephanie Stahl, professora de medicina clínica e neurologia clínica da Escola de Medicina da Universidade de Indiana.
Segundo a médica, a pesquisa realizada na Polônia mostrou que mesmo uma privação de uma ou duas horas de sono por dia causa deficiências que se prolongam por mais de uma semana após o término da privação.
Stahl afirmou ainda que o sono insuficiente pode aumentar o risco de doença cardíaca, enfarto, câncer e infecções. Um amplo estudo publicado este ano na Nature Communications, lembrou ela, mostrou que, na faixa dos 50 ou 60 anos de idade, seis horas ou menos de sono regularmente aumentavam em 30% o risco de demência.
Estudos têm associado a deficiência de sono a déficits de atenção e memória. Dados da Sociedade Mundial do Sono indicam que os problemas de sono representam “uma epidemia global que ameaça a saúde e a qualidade de vida de até 45% da população mundial”.
Para garantir uma boa noite de sono, especialistas recomendam adotar hábitos saudáveis como: limitar a ingestão de álcool à noite, comer alimentos leves à noite, realizar atividades relaxantes antes de ir para a cama, evitar tomar café depois das 14h, evitar cochilos no meio ou fim da tarde, tomar sol e manter uma rotina de horários regulares.