Muitas vezes somos movidos por desejos tão obscuros que sequer os conhecemos. Como conseguir realizar um objetivo se ele não estiver claro na cabeça? A empreendedora, escritora e conferencista espanhola Pilar Jericó procura trazer luz a quem precisa definir objetivos. Recomenda resgatar sonhos e transformá-los em metas.
“Somos estimulados a sonhar, a buscar objetivos e nos orientar em direção ao que desejamos”, afirma ela em artigo para o El País. “Às vezes, o problema é que não sabemos o que queremos.”
Com a autoridade de quem já colaborou com centenas de empresas em projetos de transformação e liderança, Jericó diz que a falta de clareza em relação aos objetivos costuma ocorrer quando as pessoas se cansam de uma situação e não sabem como sair dela, sobretudo se a sensação vier acompanhada de algum fracasso. Ou então quando se conclui um estudo ou um trabalho.
Para a especialista, a sensação de estar perdido em uma espécie de labirinto pode ser eliminada com uma orientação sobre o rumo a ser tomado. Ela sugere que “um pequeno exercício de reflexão pode nos ajudar a recuperar sonhos e a definir objetivos que nos animem”.
Uma dica é não confundir sonho com fantasia. “Um sonho é um projeto que nos anima, como estudar algo novo, comprar um carro ou ter um filho. Pode ser mais ou menos ambicioso, mas nos impulsiona a nos esforçar para conseguir realizá-lo”, analisa Jericó.
Já a fantasia existe no campo mental, explica, como algo “que gostamos de imaginar, mas que no fundo sabemos que nunca vamos dedicar muita energia para alcançá-la. É como nosso pequeno cantinho interior, uma espécie de deleite.” Internamente, diz a empreendedora, a fantasia não move nem um pouco nossa intenção.
Aprender a diferenciar os sonhos das fantasias nos faz ser honestos com nós mesmos e nos alivia da pressão de realizar fantasias que não precisamos, ensina.
REFLEXÃO SOBRE PERSONAGENS COM OS QUAIS NOS IDENTIFICAMOS
Para os que não têm clareza em relação aos próprios sonhos, a empreendedora sugere recuperar sonhos do passado, como os da época da adolescência, quando eles costumam ser abundantes.
“O objetivo não é realizar os sonhos ao pé da letra. Talvez tenham ficado um pouco desatualizados ou, simplesmente, sejam impossíveis de alcançar, como se queríamos ser astronautas e agora temos 40 anos”, diz ela, mas sim usá-los como faróis, porque eles nos ajudam a obter informações sobre nós mesmos.
“Outra forma de nos orientarmos é pensarmos naquilo que não queremos”, recomenda. A ideia é perguntar: o que eu quero parar de fazer? Seja no campo pessoal ou profissional, é importante saber como evitar se irritar com alguma coisa, como interromper um trabalho ou como manter uma amizade.
Jericó sugere ainda refletir sobre com quem gostaríamos de nos parecer, ainda que seja um personagem de ficção com o qual nos identificamos. Esse exercício mental pode nos ajudar a tirar conclusões “que nos ajudem a aterrissar na realidade e a definir objetivos concretos”.