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Para ser um líder mais humano e compassivo

Funções de liderança costumam colocar quem as exerce diante de um dilema: como tomar decisões duras e continuar sendo um ser humano bom?  A ideia de que é preciso escolher entre ser uma pessoa dura ou boa é, porém, uma falsa dicotomia. Na verdade, a coisa mais humana a fazer é, com frequência, tomar decisões difíceis. Para isso, dois ingredientes essenciais são sabedoria e compaixão.

Essa análise é feita por dois estudiosos do tema: Rasmus Hougaard, fundador e CEO da Potencial Project, empresa especializada em pesquisa, desenvolvimento organizacional e liderança, que tem a Microsoft entre seus clientes; e Jacqueline Carter, sócia e diretora da mesma empresa.

Autores do livro Compassionate Leadership: How Do Hard Things in a Human Way, Hougaard e Carter assinam um artigo na Harvard Business Review em que se propõem a ensinar líderes a serem mais humanos. Para isso, apresentam o conceito de liderança compassiva sábia.

Nesse conceito, sabedoria é definida como uma combinação de profundo conhecimento do que motiva as pessoas e coragem de ser transparente e fazer o que precisa ser feito. Já compaixão é a qualidade de mostrar que cuidamos dos outros e nos preocupamos com eles, com uma intenção positiva de apoio e ajuda.

 

COMBINAR SABEDORIA E COMPAIXÃO EXIGE APRENDIZADO E PRÁTICA

Os dois especialistas realizaram um estudo envolvendo líderes e funcionários de mais de 5 mil empresas de quase cem países. E constataram “um extraordinário poder de sabedoria e compaixão”. Segundo eles, líderes com sabedoria ou compaixão têm experiências positivas, mas quando combinam as duas qualidades, o impacto sobre o bem-estar dos funcionários e a produtividade é impressionante. Em termos de satisfação no trabalho, o índice seria 86% mais alto.

Combinar sabedoria e compaixão, porém, não é fácil, afirmam os dois estudiosos. Exige aprendizado e prática. O primeiro passo seria desaprender o que possivelmente pensamos que liderança significa e reaprender o que significa ser humano.

Enquanto gestão significa gerenciar os outros, exercer controle executivo sobre pessoas, liderança é ver e ouvir os outros, estabelecer uma direção e então largar o controle do que acontece em seguida, ensinam os especialistas.

Eles citam as seguintes palavras de Chris Toth, CEO da empresa de equipamentos médicos Varian: “Nosso papel [como líder] não é ser aquele que toma a decisão ou ser a pessoa mais inteligente na sala. Na verdade, isso pode ser excepcionalmente perigoso se a decisão é sempre do líder. Em vez disso, você precisa criar uma cultura de compaixão e empoderamento que é aceitar perspectivas diversas. Isso destrava a criatividade, produtividade e felicidade das pessoas.”

Hougaard e Carter oferecem quatro maneiras de tornar uma liderança mais humana:

  • Lembre-se da regra de ouro: Aja com os outros como você gostaria que agissem com você: Esta é uma maneira de exercer a compaixão sábia. Quando agimos assim, enxergamos melhor uma situação de desafio. Evite pensar que você sabe o que o outro está sentindo.
  • Ouça com atenção: Temos dois ouvidos e uma boca, o que significa que podemos – e devemos – ouvir o dobro do que falamos. Uma das principais necessidades humanas é se sentir ouvido e visto. Quando você satisfaz isso, torna-se mais sábio e verdadeiramente ajuda as pessoas. Ouça e sinta o que o outro quer e sente, em vez de focar em consertar um problema.
  • Pergunte a si mesmo como você pode beneficiar o outro: Um provérbio chinês diz: “Não há caminho para a compaixão; a compaixão é o caminho.” Perguntar-se como é possível beneficiar o outro é um caminho de compaixão. Reflita sobre o que está acontecendo com o outro e pergunte a si mesmo qual é o apoio de que ele precisa. Isso cria uma melhor interação humana, focada no crescimento e desenvolvimento das pessoas.
  • Procure fazer com que o outro veja o potencial que ele tem: Um bom líder valoriza quem somos, mas também nos desafia a nos esforçar para explorar mais o nosso potencial. Isso pode não ser fácil. Quando uma pessoa já está agindo bem, forçá-la pode desmotivá-la. Mas liderança não é tentar agradar ou fazer o outro se sentir contente e relaxado. É apoiar as pessoas fazendo-as ver coisas que elas podem não querer encarar. Tente fazer ver que exigir mais é uma indicação de que você se preocupa com elas.

A prática da compaixão sábia traz mais humanidade para a liderança, afirmam Hougaard e Carter, porque criamos uma cultura mais focada em conexões humanas. Eles concluem:

“Como líderes, não devemos jamais subestimar nosso impacto sobre as pessoas. Temos o poder de controlar o sustento delas. Temos poder sobre o trabalho delas. E temos poder sobre como elas se sentem tratadas. Isso é uma enorme responsabilidade. Isso torna de máxima importância fazer o trabalho duro de liderança de uma maneira humana, para que possamos ter um impacto positivo sobre a experiência de trabalho das pessoas, sobre seu senso de comprometimento e desempenho.”

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