Sofri um burnout antes dos 30.

Fui obcecada com a minha carreira e com sucesso profissional desde que entrei na faculdade, há dez anos. Estava sempre em busca de mais e mais, nunca me dando por satisfeita, cumprindo um objetivo e já de olho no próximo.

Hoje acho que passei dez anos vivendo no piloto automático entre faculdade e estágio, e depois fazendo horas extras no trabalho. E por conta disso nunca tive tempo para pensar o quanto estava deixando a minha saúde mental de lado.

Trabalhar com e-commerce/digital durante a pandemia me transformou numa pessoa que trabalhava pelo menos doze horas por dia. Entreguei resultados triplo dígito, transformei o menor e-commerce da companhia no maior de todos, sempre com melhor performance que os demais. Tudo isso pensando em galgar uma promoção, que nunca chegou.

Resolvi topar um desafio novo: fazer todo esse crescimento de novo, mas em outro lugar. Como tive a oportunidade de desenhar a minha própria cadeira e as estratégias que usaríamos, minha carga de trabalho estava relativamente menor, e foi aí que comecei a pensar em tudo isso que relatei aqui e entrei em parafuso.

Hoje tomo remédio controlado e desenvolvi uma doença autoimune por conta de estresse e por essa pressão que eu mesma coloco em mim todos os dias.

Resolvi, então, tirar um período sabático e revisar a minha relação com trabalho. Sou apaixonada pelo que faço e sei que sou muito boa, mas do que adianta se a minha saúde não está em dia?

Aprenda com os erros dos outros para que você não precise passar por isso também. Trabalhe dentro da carga horária, pare para almoçar longe do computador, faça qualquer outra coisa nas horas do seu dia e se desconecte do trabalho o máximo que puder.

Dinheiro, posição/cargo e status não valem de nada se a sua cabeça não estiver bem. Sempre achei isso balela, mas aprendi da pior forma que é verdade.

Raquel Mandarino, especialista digital.