A constatação de que as redes sociais e os aplicativos de mensagens ajudam a sufocar a possibilidade de uma boa e saudável conversa tem sido comum entre especialistas de áreas diversas. Por isso mesmo, serviu também para motivar a criação do Clube do Diálogo, uma iniciativa fundamentada no poder de transformação do diálogo e que se dispõe a oferecer um caminho do meio entre a sala de terapia e o boteco.
No Clube do Diálogo, pessoas de perfis e lugares diversos do Brasil vêm se reunindo semanalmente, online, para participar de conversas enriquecedoras. Cada roda de conversa é puxada por um tema proposto por especialistas convidados, e conta também com um mediador. “O diálogo é a tecnologia mais avançada para a conexão humana”, afirma o grupo de responsáveis pelo projeto, que reúne profissionais de diferentes áreas.
O clube se apresenta como um espaço “para quem ama uma boa conversa, gosta de conhecer gente nova e ressignificar aquela velha opinião formada sobre tudo”. Ou ainda “para você se conectar com gente interessante, desanuviar a cachola e dialogar sobre temas importantes para essa fase que estamos vivendo”.
A iniciativa inova também pela forma como foi viabilizada. Por meio da Benfeitoria – plataforma de mobilização de recursos para projetos culturais, sociais, econômicos e ambientais – criou-se um fundo denominado Todo Cuidado Conta. Para cada valor investido no Clube do Diálogo, o fundo dobra a colaboração. Se a meta de arrecadação é atingida, o clube se torna realidade e os colaboradores recebem suas recompensas de volta.
PRIMEIROS ENCONTROS ATESTAM O SUCESSO DA INICIATIVA
E o clube se tornou realidade. O primeiro ciclo de encontros teve início em 4 de outubro e termina em 29 de novembro. Entre os profissionais participantes estão André Carvalhal, escritor, consultor e especialista em design para sustentabilidade; Carolina Nalon, mediadora de conflitos e especialista em comunicação não violenta; Alexandre Amaral, psicólogo e terapeuta de grupos, famílias e casais; e Wilson Gonzaga, psiquiatra, psicoterapeuta, conferencista e consultor.
Facilitador, mentor criativo e anfitrião do clube, Rodrigo Borges, atesta o sucesso do primeiro ciclo: “A expectativa era boa e a prática está sendo ainda melhor”, diz ele . “O clube está mostrando ser um ponto de encontro para abordarmos temas importantes com profundidade, mas acima de tudo com a leveza de um encontro onde não há detentores de verdade, e sim buscadores de respostas para os desafios atuais.”
Participantes dos primeiros encontros relataram anonimamente suas experiências. “Acredito que um diálogo descontraído com responsabilidade foi a parte mais importante”, disse um deles após uma sessão de conversa. Outro comentário foi: “Fui chegando aos poucos, meio ressabiada do que seria o Clube do Diálogo. Todo o turbilhão do dia, gerado pelo apagão das mídias sociais, foi aos poucos dando lugar ao acolhimento bonito de tudo o que acontecia.”
Selecionados por meio de pesquisa, os temas de discussão incluem vulnerabilidade e inadequação; luto e relação com a morte; e saúde mental e autocuidado. Ao todo, serão oito rodas de conversa, cada uma com duas horas de duração. Para quem não participou desde o início, as rodas estão sendo vendidas individualmente, a R$ 35. É possível também pagar R$ 120 pelos quatro encontros do mês de novembro (informações em https://escoladovazio.com.br/clubedodialogo/).