Veganos tendem a ser mais felizes do que consumidores de carne, de acordo com uma pesquisa divulgada pela organização Tracking Happiness. Realizado nos Estados Unidos, o estudo ouviu 11.537 pessoas, que responderam a perguntas sobre felicidade, sobre o que pensavam sobre veganismo e sobre a possibilidade de adotarem uma dieta vegana no futuro.
A pesquisa indicou também que os veganos tendem a ter melhor saúde mental. Verificou ainda que as atitudes e estigmas negativos em relação ao veganismo diminuíram: apenas 14% dos entrevistados carnívoros relataram ter esse tipo de tendência. Entre os consumidores de carne, as opiniões positivas sobre veganos representaram 3,4 pontos numa escala de 1 a 5.
Outra constatação foi a de que, para 32% dos veganos e vegetarianos, as preocupações ambientais foram o principal motivador para a adoção da dieta à base de plantas. Por ordem de importância, os outros motivadores foram: preferência pessoal, crueldade com animais e intolerância a carne e laticínios.
Do total de pessoas consultadas, 8.988 se identificaram como carnívoras, 422 como consumidoras de peixes, 948 como vegetarianas e 1.779 como veganas.
O índice de veganos felizes constatado foi 7% maior que o de carnívoros, que se mostraram menos felizes também que os vegetarianos e os consumidores de peixe. Numa escala de 1 a 10, os índices de felicidade foram de 7,27 para veganos, 7,31 para vegetarianos, 6,99 para comedores de peixe e 6,80 para comedores de carne.
‘DISSONÂNCIA COGNITIVA’ EM CONSUMIDORES DE CARNE
Os pesquisadores indicaram que a alimentação sem carne e sem produtos de origem animal daria ao organismo nutrientes essenciais para manter o nível de energia elevado. E relataram também que pessoas mais velhas tendem menos a adotar o veganismo.
Um estudo realizado pelo psicólogo social Hank Rothgerber, da Bellarmine University, em Kentucky, mostrou que carnívoros podem experimentar uma “dissonância cognitiva” quando comem carne. Rothgerber associou esse efeito à compreensão que eles têm de que o consumo de carne é errado, o que os levaria a dissociar os animais da carne para suprimir a culpa. Cientistas cunharam um termo para isso: o “paradoxo da carne”.
O estudo da Tracking Happiness mostrou que, ao serem consultados sobre a probabilidade de adotar uma dieta vegana, os participantes não veganos com pontuação maior em felicidade foram aqueles com mais tendência a se tornarem veganos.
“Talvez as pessoas mais felizes estejam num estado de espírito melhor antes de considerarem se tornar 100% veganas”, especularam os pesquisadores ao relatarem os resultados. “Alguém que já está infeliz pode estar menos tentado a desistir do consumo de produtos animais.”
Durante anos, em sociedades ocidentais, era comum considerar os veganos “irritantes” ou “radicais”. Em 2015, um relatório mostrou que só os viciados em drogas enfrentavam mais preconceito do que os veganos. Esses estereótipos negativos estão diminuindo, segundo a pesquisa da Tracking Happiness.
Fundadora da Plant You, Carleigh Bodrug afirmou ao site Vegan ter observado que “a percepção sobre os veganos definitivamente mudou para uma luz mais positiva nos últimos cinco anos.” Ela disse crer que isso se deve à consciência de que o impacto da agricultura animal sobre o planeta é uma das principais fontes de emissão de gases que causam o aquecimento global.