O ano foi marcado por uma intensa campanha de conscientização sobre a necessidade de combater a mudança climática. O ponto alto foi a COP26, a conferência do clima realizada pela ONU em novembro em Glasgow, Escócia. O evento reuniu representantes de quase duzentos países que se debateram para encontrar maneiras de cumprir o Acordo de Paris. Aprovado em 2015, o acordo tem como meta a redução das emissões de carbono de modo a limitar o aquecimento global a 1,5 grau.
Sabemos que, individualmente, podemos adotar atitudes para reduzir a emissão de gases do efeito estufa, como comer menos carne, usar menos avião e priorizar o consumo de produtos locais e sazonais. Mas o que os países e seus governos precisam fazer para conter a mudança climática? Paul Rincon, editor de ciência da BBC, resumiu esse desafio em sete tarefas que traduzem os esforços e atitudes necessários para evitar extremos climáticos no planeta:
- Manter os combustíveis fósseis no solo: A queima de petróleo, gás e, principalmente, carvão libera dióxido de carbono na atmosfera, aprisionando o calor e elevando as temperaturas no mundo. Os cientistas dizem que o aumento de temperatura deve ser limitado a 1,5 grau, acima do qual haveria riscos para o planeta. Porém, países dependentes de carvão – como Estados Unidos, Austrália, Índia e China – não assinaram um acordo para substituição gradual das fontes de energia nas próximas décadas.
- Reduzir as emissões de metano: Um relatório da ONU indicou que uma redução das emissões de metano contribuiria para o combate da mudança climática. Uma grande quantidade desse gás é liberada na queima de gás natural durante a extração de petróleo, e ajustes técnicos podem impedir isso. Outra medida importante é fazer uma melhor disposição do lixo, já que os aterros sanitários são outra grande fonte de metano. Na COP26, quase cem países concordaram em reduzir as emissões do gás.
- Adotar energias renováveis: A produção de calor e eletricidade representa as maiores emissões de gases do efeito estufa. Cientistas consideram crucial transformar o sistema de energia global, fazendo com que este deixe de depender de combustíveis fósseis e passe a ser dominado por tecnologias limpas, caracterizadas pela descarbonização. O objetivo é que as energias solar e eólica passem a ser dominantes em 2050. Um dos desafios é enfrentar a menor incidência de ventos no mundo, mas o desenvolvimento de baterias solares é considerado uma solução para armazenar energia.
- Abandonar o uso de gasolina e diesel: Precisamos mudar o combustível dos veículos que usamos em terra, mar e ar. Cientistas consideram crucial adotar carros elétricos. Ônibus e caminhões poderiam ser movidos a hidrogênio, de preferência produzido com energia renovável. Pesquisadores estão desenvolvendo combustíveis mais limpos para aviões, mas defende-se também que as pessoas usem menos avião.
- Plantar mais árvores: Um relatório da ONU de 2018 afirma que, para conseguimos limitar a elevação da temperatura a 1,5 grau, precisamos remover dióxido de carbono da atmosfera. As florestas absorvem o CO2, por isso há necessidade de proteger o mundo natural e reduzir o desmatamento. Plantios em massa são recomendados.
- Remover gases do efeito estufa da atmosfera: Novas tecnologias são capazes de remover o CO2 da atmosfera ou de impedir que este seja liberado. Usinas para captura do gás estão sendo construídas em lugares como Texas e Suíça. São dotadas de enormes ventiladores que empurram o CO2 para um filtro capaz de absorvê-lo. É possível também capturar o gás em lugares onde ele é produzido – como usinas de carvão – e enterrá-lo no solo, mas esta é uma tecnologia cara e controversa, porque ajudaria a prolongar a dependência de combustíveis fósseis.
- Ajudar países mais pobres: Na conferência do clima realizada pela ONU em 2009, em Copenhague, países riscos se comprometeram a destinar US$ 100 bilhões a países em desenvolvimento para ajudá-los a combater a mudança climática. Mas não foi estabelecido um prazo para isso. O plano mais recente estabelece o ano de 2023. Países dependentes de carvão enfrentam um severo desabastecimento de energia. Especialistas defendem que países pobres recebam contínuo apoio financeiro para adotar energias limpas. Recentemente, EUA, Europa e Reino Unido deram US$ 8,5 bilhões à África do Sul para eliminar o uso de carvão.