Muitas pessoas sentem uma vontade de comer insaciável que, a longo prazo, pode provocar problemas como o ganho de peso indesejado e complicações de saúde decorrentes da obesidade. Sabemos que é possível combater em parte esse impulso com dietas, jejuns e ferramentas como mindufulness, mas o vício por ingerir alimentos altamente calóricos nem sempre é controlável, e advém de desequilíbrios no nosso organismo que provoca respostas análogas à dependência química. Entender como esse processo funciona no intestino e no cérebro é fundamental para que possamos combater os efeitos negativos da superalimentação, e encontrar abordagens humanizadas para melhorar a nossa saúde como um todo.
A química do apetite
Até bem recentemente, não sabíamos como nossa saciedade era regulada pelo nosso organismo. Esse impulso é controlado por sinais entre nosso intestino e o cérebro, provocados por moléculas conhecidas como endocanabinoides. Essas moléculas são análogas à cannabis de origem vegetal, e são produzidas naturalmente pelo nosso corpo para regular processos imunológicos, neurais e comportamentais, dentre eles nossos hábitos alimentares.
Quando nos acostumamos a dietas ricas em gorduras e açúcares, acabamos dessensibilizando os receptores endocanabinoides no intestino, que entram num estágio de hiperatividade. Dessa forma, nosso corpo não secreta os peptídeos responsáveis pela sensação de saciedade, e acabamos comendo excessivamente. Somos levados a acreditar que ainda precisamos comer mais, quando já ingerimos muito mais calorias do que o necessário.
É como se viciássemos nosso organismo em uma dieta ruim e pouco saudável. Quanto mais gorduras e açúcares comemos, mais vontade temos de ingerir esses alimentos. E compreender como os receptores endocanabinoides funcionam é fundamental para combater a prevalência da obesidade, um problema potencialmente perigoso para a saúde que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
Tratamentos para a hiperatividade dos endocanabinoides
Tentativas anteriores de atacar os receptores endocanabinoides com remédios falharam devido a efeitos colaterais psiquiátricos, pois o intestino e o cérebro estão intimamante conectados. Atualmente, a comunidade científica discute se seria possível direcionar esse ataque à supressão terapêutica dos receptores apenas no intestino, reduzindo os efeitos colaterais negativos do tratamento. Mais estudos sobre como os endocanabinoides controlam a liberação de outras moléculas que influenciam o metabolismo seguem encaminhados.