Todo mundo sabe que praticar exercícios físicos faz bem para a saúde física e mental. Manter o corpo em movimento, mesmo nesse período de isolamento social, é primordial para nosso bem-estar. E manter o cérebro ativo, também é importante? Acertou quem respondeu que sim. É muito importante.
Quanto mais o cérebro for estimulado, melhor ele irá funcionar. Isso significa que mesmo os que chegaram na “melhor idade” – e principalmente eles – podem manter-se em atividade para garantir uma maior qualidade de vida. Muitos já exercitam a mente com palavras cruzadas, sudoku e outros jogos que estimulam a memória e a criatividade, mas existe uma infinidade de exercícios que ajudam nesse sentido. O que não vale é sentar-se no sofá, ligar a TV e ficar vendo a vida passar.
Com o aumento da expectativa de vida, o envelhecimento populacional e o crescimento das patologias ligadas à terceira idade, a neuropsicóloga Denise Greca, alerta para a necessidade de antecipar-se aos problemas mais comuns que afetam os idosos e a criação de condições adequadas para um envelhecimento de qualidade. “Envelhecer com qualidade requer adaptação conforme o surgimento das alterações e demandas cognitivas, sociais e físicas. O envelhecimento ativo e saudável é caracterizado pela manutenção da autonomia e independência, utilizando recursos pessoais para manter-se no controle ativo de sua vida, apesar das alterações que ocorrem no organismo”, explica.
Para a neuropsicóloga, uma boa qualidade de vida está diretamente ligada à saúde cognitiva, proporcionada por atividades sociais, a capacidade de adaptação às mudanças e o uso de estratégias compensatórias dos comprometimentos inerentes ao envelhecimento. “O cérebro possui a capacidade de compensar a neurodegeneração causada pelo envelhecimento ou doença neurológica por meio da “reserva cognitiva”, retardando e minimizando as manifestações clínicas de uma patologia”, diz Denise.
O engajamento em atividades com alta demanda cognitiva, desenvolvendo hábitos de leitura e escrita, exercícios físicos, atividades sociais e de lazer são fundamentais para esse processo de envelhecimento com qualidade. “Sendo um ativo construído ao longo da vida, o saldo da reserva cognitiva depende diretamente do estímulo ao longo de todas as etapas da vida, inclusive na terceira idade, com a participação ativa em grupos sociais (família, amigos, igrejas, clubes), atividades culturais (leitura, escrita, filmes, cursos) e a prática habitual de jogos (memória, baralho, palavras cruzadas, quebra-cabeças, sudoku)”, analisa Denise.
Pensando nesse grupo, a especialista em comunicação educativa Cristina Carvalho criou um Chronos Cursos, um espaço com aulas multidisciplinares que trabalham o autoconhecimento, a estimulação cognitiva e, por que não, a educação financeira. “Para contribuir com a prevenção dos males decorrentes do envelhecimento e a reinvenção necessária para navegar por esses novos tempos, formatei um projeto multidisciplinar de cursos, focado no público 50+. Oferecemos conteúdos relevantes, conectamos as turmas com as novas tecnologias, estimulamos o cérebro e aumentamos a sua capacidade cognitiva, para investir no autoconhecimento e identificar o propósito de cada um”, explica.
Uma pesquisa de 2018 da Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – revela que um grupo de idosos submetidos à programação de computadores tiveram um ganho cognitivo acima daqueles que não o fizeram. O trabalho foi comandado por Fábio Ota, formado em Tecnologia da Informação e CEO da ISGame, que comprovou os benefícios de ensinar técnicas de desenvolvimento de games com o objetivo de desenvolver o raciocínio lógico e prevenir o declínio cognitivo.