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Elon Musk avança para o turismo espacial e enche o céu de satélites

Um dos sonhos mais ousados do empreendedor Elon Musk é colonizar o planeta Marte. Por enquanto, porém, ele está se contentando em chegar à Estação Espacial Internacional, para onde enviou dois astronautas no sábado, 30 de maio. No dia seguinte, ambos chegaram a salvo à estação a bordo de uma cápsula que se desacoplou do foguete Falcon 9, lançado em Cabo Canaveral, na Flórida. Com isso, a SpaceX, de Musk, tornou-se a primeira empresa privada a realizar uma viagem espacial tripulada, dando um passo importante para tornar possível o turismo espacial.

Num mundo assolado por uma pandemia e intermináveis crises sociais vale a pena investir centenas de milhões de dólares em viagens espaciais? Não faria mais sentido resolver os graves problemas da Terra antes de pensar em ocupar o espaço? Para Musk e o governo de Donald Trump, certamente não. Financiada pela Nasa (a agência espacial americana), a viagem realizada pela SpaceX foi o primeiro voo espacial tripulado dos EUA em nove anos. Representa, portanto, uma retomada da corrida espacial americana. A Nasa vinha pagando à Rússia para levar seus astronautas à estação espacial.

Várias outras empresas no mundo estão investindo em pesquisas para tornar realidade o turismo espacial, entre as quais a Boeing, a Blue Origin (fundada pelo CEO da Amazon, Jeff Bezos) e a Virgin Galactic. Cientistas alertam para as inúmeras dificuldades de o organismo humano se adaptar às condições hostis do espaço. Mas muitos alimentam a esperança de que as viagens espaciais possam levar a descobertas importantes e até mesmo representar uma alternativa de sobrevivência para a humanidade em meio à degradação de nosso planeta.

 

Desfile de luzes no céu do Brasil

Para alguns um visionário, para outros um lunático, o bilionário Musk tem provocado um bocado de polêmica com suas ambiciosas iniciativas. Em maio, brasileiros de diferentes regiões se espantaram ao se deparar com um cordão de luzes desfilando pelo céu noturno. Eram 60 satélites lançados por Musk como parte de seu projeto Starlink. O  objetivo é tornar a internet acessível em cada canto do mundo. Quarta-feira, 3 de junho, outra leva de satélites chegou ao espaço. Até agora, já foram lançados 400, e a intenção do empreendedor é ter 12 mil satélites em órbita até o fim desta década.

Astrônomos alertaram que a grande quantidade de satélites no céu pode dificultar a observação de astros. É que as superfícies luminosas dos satélites podem refletir raios do Sol, provocando explosões de luz solar direcionadas para a superfície da Terra. A SpaceX informou estar agindo para minimizar esse impacto, mas a acumulação de lixo espacial na órbita baixa da Terra (abaixo de 2 mil quilômetros) é uma preocupação crescente de astrônomos e ambientalistas.

 

Carros movidos a energia solar

Desde o lançamento do primeiro satélite, o Sputinik, em 1957, outros 2.200 já foram lançados. A órbita baixa da Terra está hoje repleta não só de satélites, mas de componentes de veículos de lançamento e detritos resultantes de desintegração mecânica, explosões e colisões. Tudo isso forma uma espécie de nevoeiro no espaço que ameaça fechar nossa janela para o universo.

De apelo mais ecológico é a ambição de Musk de popularizar nos EUA os carros movidos a energia solar produzidos por outra de suas empresas, a Tesla. Seu objetivo é criar uma grande rede de postos de abastecimento gratuito espalhada pelo país, em substituição ao uso dos poluentes combustíveis fósseis. Um desafio que põe em cheque a poderosa indústria de petróleo.

Bruno Casotti é jornalista e tradutor.

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