Na vida, caminhamos numa constante corda bamba. Caminhamos, e ora sentimos que estamos lendo pouco – aí retomamos o hábito da leitura – ora sentimos que temos exagerado na comida. E aí voltamos a cuidar melhor da alimentação. Em outro momento, sentimos que falta movimento em nossa vida, aí tratamos de encontrar uma maneira de nos movimentar. Caminhamos, sentimos… e ajeitamos o passo. E há fases da vida em que sequer sentimos. Mas aí vem o momento em que percebemos que algo está fora de equilíbrio, e retomamos.

Tantas coisas são importantes para nossa saúde. O sono, a alegria, uma boa troca afetiva. A alimentação. A expansão alegre, a expressão, o movimento. E o silêncio, o recolhimento para dentro de si, a escuta interna, o desacelerar.

Um não vive muito tempo sem o outro. Não há expansão que se sustente sem o silêncio, e não há recolhimento que seja saudável sem momentos de expressão e movimento.

Levando isso para a vida prática, acredito que é fundamental termos ao menos um dia da semana em que possamos desacelerar. Não é à toa que se criou o domingo – ou qualquer outro dia da semana que você escolher. Um dia para escutar nosso ritmo interno, perguntar novamente à alma o que ela quer, que rumo tomar. Se ficamos só na ação de segunda-feira a domingo, facilmente nos esgotamos e nos perdemos de nós mesmos. Definhamos.

Silêncio nutre, e alegria também. Ambos são necessários. É essencial nos ressintonizarmos com nossa essência de tempos em tempos. E nos desconectarmos e nos perdermos também. Justamente para dançarmos a vida de forma viva. O perigo mora em permanecermos tempo demais num lado ou no outro da corda bamba.

Com relação à alimentação é assim. Não comemos somente para nutrir nossas células e manter nosso metabolismo funcionando bem. Comemos também para nos nutrir de sabor e comunhão. E há momentos em que nos desequilibramos em prol de alguma necessidade ou desejo. E tudo bem. O que precisamos é estar atentos para não permanecermos tempo demais desse lado da corda.

Já dizia Almir Sater:

É preciso amor pra poder pulsar

É preciso paz pra poder sorrir 

É preciso a chuva para florir 

Todo mundo ama um dia

Todo mundo chora

Um dia a gente chega

E no outro vai embora

Verena Ici é instrutora de mindful eating e consultura alimentar.