Pesquisadores do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão desenvolvendo uma tecnologia para tornar mais econômica e eficiente a produção de energia eólica. A ideia é substituir as torres convencionais que transformam vento em eletricidade por cabos. A função das pás seria exercida por uma espécie de asa, acoplada ao cabo.
Coordenador do projeto, o professor Alexandre Trofino afirmou à Agência Brasil que a tecnologia permite explorar a energia eólica em altitudes bastante elevadas, não alcançadas pelas torres. “Com o uso de cabos”, disse ele, “a asa pode operar em alturas elevadas, no caso da tecnologia que a gente adota, 600 metros, onde um grande número de localidades apresenta ventos mais fortes e mais frequentes.”
O engenheiro Roberto Crepaldi, que integra o projeto, explicou ao Jornal da USP que o equipamento é composto de uma unidade de solo e uma unidade de voo, ligada à asa. As duas são conectadas por um cabo, que é puxado à medida que a asa é levada pelo vento. Guiada por motores da unidade de voo, a asa faz uma trajetória em oito até levar o cabo ao limite. Em seguida, é puxada de volta e o ciclo se repete. Como a energia usada pelo motor da unidade de solo para puxar o cabo é ínfima em relação à energia produzida, cada ciclo termina acumulando energia.
BENEFÍCIO À FAUNA E MENOS POLUIÇÃO VISUAL E SONORA
Além de reduzir os custos de produção e instalação, a tecnologia AWE (sigla em inglês para aerogeradores com aerófilos cabeados) torna a energia eólica mais barata. “O custo da instalação acaba sendo bem menor, talvez um décimo do preço de uma turbina eólica”, disse Trofino ao site da UFSC.
O sistema também beneficiaria a fauna nos lugares onde seria implantado, porque permite detectar a aproximação de aves e desviar a operação da rota de imigração delas. Outras vantagens são a menor poluição visual e sonora dos equipamentos e o fato de o cabo e a asa serem feitos de material reciclável.
Trofino integra o grupo UFSCkite, que é pioneiro na América Latina para essa tecnologia e busca parcerias e investimentos para levar adiante o projeto. No mundo, mais de 55 grupos pesquisam esse tipo de geração de energia de vento.
“Segundo empresas e universidades europeias, [essa tecnologia] deve chegar ao mercado no horizonte de cinco a dez anos”, disse o professor. “A questão é: vamos comprar ou vender essa tecnologia quando ela estiver no mercado? Se quisermos vender, o momento de investir é agora.”
O UFSCkite foi formado em 2012, quando começou a desenvolver o projeto, e pretende lançar um protótipo do sistema eólico até o fim do ano.