O cultivo de algas é comum em ambientes aquáticos, como lagoas, mas em condições passíveis de contaminação. Disposta a se instalar no Brasil, a startup americana TrueAlgae oferece um método inovador de cultivo em condições de isolamento, o que, além de evitar esse tipo de problema, permite a produção em escala e representa um impulso maior à agricultura.
As algas da TrueAlgae são utilizadas na fabricação de um biofertilizante capaz de reduzir em até 75% a dependência de produtores rurais de fertilizantes químicos, o que explica o sucesso do empreendimento. A startup conta com duas plantas de produção, na Flórida e no México, e agora busca parceiros para atender ao mercado latino-americano.
Nas instalações da empresa, microalgas verdes unicelulares do gênero Chlorela são cultivadas em fotobiorreatores, que são verdadeiros tubos de ensaio enfileirados num ambiente com teto móvel, para que possam aproveitar a energia do sol e capturar dióxido de carbono. O produto retirado dos tubos é um caldo orgânico, com carbono zero e rico em nutrientes, que ajuda a restaurar o solo e facilita a absorção de outros nutrientes. Não há resíduos e o desperdício é zero.
Comercializado com o nome TrueSolum, o biofertilizante da TrueAlgae proporciona um aumento médio de 10% na produtividade agrícola em comparação a métodos convencionais, segundo a empresa. E tem o dobro da durabilidade de outros produtos. Tem sido usado em plantações de abacate, melancia, melão, morango, tomate, pimentão, soja e milho, entre outras.
PLANOS DE EXPANSÃO NA ÁSIA E NA EUROPA
Maria Paula Oliveira, líder de desenvolvimento de negócios da startup na América Latina, afirmou ao site AgTech Garage News que, desde sua criação, a empresa já captou US$ 5 milhões no mercado.
“Começamos em 2017 com apenas alguns tubos e logo construímos uma planta de 2,4 toneladas na Flórida”, disse ela. “Em 2018, expandimos a produção dela para 3,6 toneladas e, em março de 2020, aumentamos a capacidade em dez vezes, para 36 toneladas por ano. No México, a planta dos nossos parceiros é de 3,7 toneladas.”
A exemplo de sua atuação no México, a startup pretende usar modelos de parceria para expandir na Ásia e na Europa. O objetivo é fazer acordos de licenciamento da tecnologia com empresas que ofereçam capacidade de produção e conhecimento do mercado.
“A alga é um insumo que tem histórico comprovado de benefício para as plantas e o ser humano”, afirmou Maria Paula. Hoje, nosso foco está no agronegócio, embora a gente também esteja desenvolvendo outras verticais, nas áreas de nutracêuticos, farmacêuticos e cosméticos, especialmente no Japão.”
Em cultivos de morango na Flórida, o retorno do produtor tem sido cinco a oito vezes maior que valor investido, segundo a empresa. Na Califórnia, onde o clima permite duas safras por ano, o retorno chega a vinte vezes. A TrueAlgae desenvolve também maneiras de utilizar as algas em alimentos, rações e suplementos nutricionais.